quarta-feira, 9 de maio de 2012

Brasil não deve ter nova usina nuclear até 2021

JC e-mail 4493, de 09 de Maio de 2012. 


Estudo revela que energia solar já é viável no País.


O Brasil não prevê novas usinas nucleares até 2021, anunciou ontem (8) o secretário executivo do Ministério de Minas e Energia, Márcio Zimmermann. Segundo ele, no plano decenal que compreenderá o período encerrado naquele ano não está prevista nenhuma outra central além de Angra 3, em fase de construção em Angra dos Reis, município no litoral sul do estado do Rio.

"As informações que tenho tido é que o plano de 2021 não vai considerar [novos projetos nucleares]. Vamos esperar para ver os outros [planos]", declarou Zimmermann após participar do 9.º Encontro Nacional do Setor Elétrico (Enase).

Já no plano que considera o horizonte até 2030, o governo prevê espaço para a construção de quatro a oito centrais nucleares. Para sair do papel, uma usina leva, em média, seis anos a partir do início da construção. Mas, segundo Zimmermann, antes de o governo tomar a decisão de construí-la, é necessário mais tempo para a discussão do projeto. "O novo programa nuclear implica em outra discussão, como o tipo de central que vamos usar, qual será a tecnologia", afirmou.

Ele comentou que, depois do acidente ocorrido na usina japonesa de Fukushima, no ano passado, aumentou a preocupação do setor com a questão da segurança, o que tornou mais complexo o processo de implantação de novas plantas nucleares.

Atraso - Os reflexos do desastre ocorrido no Japão foram sentidos no programa nuclear brasileiro. No começo do ano, o assistente da presidência da Eletronuclear, Leonam Guimarães, admitiu que o plano do governo para a construção de novas usinas atrasará em até 18 meses por causa do acidente de Fukushima.

Na ocasião, Guimarães lembrou que a tragédia, decorrente de terremoto e maremoto que devastaram a região da usina nuclear, ocorreu no momento em que o Brasil se preparava para levar adiante seu projeto nuclear. A coincidência criou um ambiente desfavorável perante a opinião pública.

Sobre as concessões de usinas hidrelétricas que vencerão a partir de 2015, Zimmermann afirmou que o governo ainda não decidiu se as colocará novamente em leilão ou se optará pela renovação dos contratos. "Desde 2008, estamos estudando [a solução a ser adotada]. Estamos dentro do prazo", disse o secretário executivo, sem revelar quando a decisão a respeito do assunto será tomada.

De acordo com Zimmermann, entre 2015 e 2017 expirarão as concessões de hidrelétricas responsáveis pela geração de 20 mil MW. Ele defendeu como prioritária a participação das hidrelétricas na matriz energética brasileira e como fator de desenvolvimento, apesar das críticas de alguns países. "Não imagine que você vá desenvolver a África instalando placas solares. Em países com nível mais baixo de desenvolvimento é preciso projetos estruturantes."

Energia solar - A geração e o uso residencial da energia solar já são economicamente viáveis em algumas áreas do País, aponta estudo da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), que será entregue ao Ministério de Minas e Energia na semana que vem.

Segundo o presidente do EPE, Mauricio Tolmasquim, o documento indica possíveis medidas de incentivo ao setor, entre as quais isenção de impostos e instrumentos de financiamento. "Mostramos áreas que são e não são competitivas [para energia solar]", disse o executivo depois de participar do 9.º Encontro Nacional do Setor Elétrico (Enase).

Sem revelar quais são as regiões, Tolmasquim explicou que, uma vez que nelas o custo da energia em geral é mais elevado, a geração solar descentralizada (obtida por painéis fotovoltaicos instalados nas residências) acaba compensando.

Sobre a geração centralizada, em parque de energia solar, Tolmasquim disse que projetos desse tipo precisariam de leilão específico. Segundo o executivo, uma disputa pela energia solar poderia dar "massa crítica" ao setor, o que impulsionaria seu desenvolvimento. Nesse caso, apenas uma quantidade pequena desse tipo de energia deveria ser contratada, para evitar que os preços ainda elevados tenham impacto sobre as tarifas.

O presidente da EPE também disse acreditar que a permissão de um leilão específico para energia solar "abriria a porteira" para que representantes de outras fontes também requisitem disputas específicas, o que o governo pretende evitar.

O crescimento do número de projetos de energia alternativa deve fazer com que a participação da energia hidrelétrica na matriz energética brasileira caia, nos próximos dez anos, de 75% para 67%, de acordo com as previsões do presidente da EPE.
(O Estado de São Paulo)

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