sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Imagens do Hubble permitem prever 10 mil anos de movimento de estrelas

 
Cientistas criaram simulação de aglomerado de estrelas a partir de material captado por supertelescópio

Astrônomos americanos usaram imagens feitas pelo telescópio espacial Hubble, da agência norte-americana Nasa, para prever os movimentos de um grupo de estrelas nos próximos dez mil anos.

O telescópio fez imagens do aglomerado globular Omega Centauri, um grupo de estrelas que chama a atenção de observadores desde que foi catalogado há 2 mil anos por Ptolomeu, entre 2002 e 2006.

Ao analisar as imagens deste período de quatro anos, os cientistas conseguiram registrar as medidas mais precisas já tomadas dos movimentos das mais de 100 mil estrelas do aglomerado, a maior pesquisa já feita para estudar o movimento dos astros em qualquer desses conjuntos.



Os astrônomos usaram as imagens em sequência para criar um filme mostrando os movimentos acelerados das estrelas do aglomerado. A simulação mostra o movimento projetado das estrelas nos próximos 10 mil anos.

"São necessários programas de computador de alta velocidade, sofisticados, para medir as mudanças minúsculas nas posições das estrelas, que ocorrem apenas em um período de quatro anos", afirmou o astrônomo Jay Anderson, do Instituto de Ciência Espacial Telescópica de Baltimore, nos Estados Unidos, um dos responsáveis pela pesquisa.

Anderson, afirmou que a "visão muito precisa do Hubble foi a chave para nossa habilidade de medir movimentos estelares neste aglomerado".

"Com o Hubble você pode esperar três ou quatro anos e detectar os movimentos das estrelas de forma mais acurada do que se você estivesse esperado 50 anos (usando um) telescópio na Terra", afirmou o astrônomo Roeland van der Marel, que também participou da pesquisa.

Identificado como um aglomerado globular de estrelas em 1867, Omega Centauri é um dos cerca de 150 aglomerados deste tipo na Via Láctea.

O grande grupo de estrelas é o maior e mais brilhante aglomerado da galáxia. Ele é localizado na constelação de Centauro e é um dos poucos que pode ser visto a olho nu no hemisfério sul.

O astrônomo Ptolomeu catalogou Omega Centauri pela primeira vez há 2 mil anos. No entanto, ele pensou que o aglomerado era apenas uma estrela, pois não sabia que era, na verdade, um grupo de cerca de 10 milhões de estrelas orbitando em volta de um centro de gravidade comum.

As estrelas estão tão próximas umas das outras que os astrônomos tiveram que esperar pela criação e lançamento do telescópio Hubble para olhar no centro do grupo e analisar as estrelas individualmente. E a visão precisa do telescópio também permitiu aos cientistas medir o movimento de várias destas estrelas em um período relativamente curto de tempo.
JC e-mail 4126, de 28 de Outubro de 2010.

(BBC)

Projeto pode recriar kit "Os Cientistas"

Sucesso nos anos 1970, estojos ensinavam alunos a refazer experimentos-chave da história da ciência em casa
Um grupo de acadêmicos brasileiros articula o lançamento de kits para estimular o interesse de jovens pela pesquisa e elevar o patamar do aprendizado de ciências no ensino médio do país.

A ideia é fazer com que cada estudante que adquira o produto -que seria vendido em bancas de jornal por R$ 15 ou R$ 20- reproduza experimentos cruciais da história da ciência sem sair de casa.

A coleção, que já tem nome, "Aventuras na Ciência", e protótipo do primeiro kit, inspira-se em "Os Cientistas", fascículos lançados pela extinta Funbec (Fundação Brasileira para o Ensino da Ciência) em parceria com a Editora Abril. Como haverão de recordar os leitores com mais de 40 anos, os kits fizeram sucesso nos anos 1970.

Eram estojos de isopor que vinham com o material necessário para as experiências, baseadas em descoberta clássica de um cientista. Um folheto orientava o estudante na montagem e explicava o que deveria ser medido. Também constavam a biografia do cientista e a história da descoberta.

Como todas as boas ideias, essa também tem problemas. O mais grave deles é que ainda não possui viabilidade financeira. Para consegui-la, os acadêmicos esperam o apoio do BNDES.

O protótipo já foi enviado ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Os pesquisadores aguardam agora que o presidente os receba em audiência, da qual também participariam os ministros da Ciência e Tecnologia, Sergio Rezende, e da Educação, Fernando Haddad.


"O Brasil está avaliado entre os piores países do mundo em ensino de ciências no nível médio. O projeto dos kits permitirá, em curto prazo, promover um salto de qualidade", diz o físico Herch Moysés Nussenzveig, um dos autores da ideia.

"Queremos que a garotada se divirta e apaixone com o que está fazendo, o que não costuma acontecer nas salas de aula", acrescenta.

Além de Nussenzveig, professor da UFRJ, fazem parte do grupo Isaías Raw, do Instituto Butantan, idealizador de "Os Cientistas" original, a educadora Myriam Krasilchik, as biólogas Mayana Zatz e Eliana Dessen, o físico Vanderlei Bagnato, a astrônoma Beatriz Barbuy, o químico Henrique Toma e o diretor científico da Fapesp, Carlos Henrique de Brito Cruz.


Pelo plano dos pesquisadores, seria necessário um investimento inicial de R$ 10 milhões do BNDES, para erguer a fábrica que prepararia os kits. Outra forma de incentivo almejada pelo grupo é que o MEC compre parte dos estojos para distribuí-los em escolas públicas. Isso permitiria reduções no preço.

"O projeto poderá chegar a pelo menos 1 milhão de crianças. Lula deu um grande estímulo às Olimpíadas de Matemática quando soube que envolveriam milhões de alunos. No caso dos kits, o alcance e as repercussões para o país seriam ainda maiores", diz Nussenzveig.

(Hélio Schwartsman)



(Folha de SP, 13/10)

É hora de priorizar a escola pública, artigo de Rubens Naves e Carolina Gazoni

É hora de priorizar a escola pública, artigo de Rubens Naves e Carolina Gazoni


"Clamamos desde já àquele que assumir a Presidência: diga claramente à sociedade que o verdadeiro palácio republicano é a escola pública"

Rubens Naves é advogado e ex-presidente da Fundação Abrinq pelos Direitos da Criança e do Adolescente; Carolina Gazoni é advogada. Os dois são autores do livro "Direito ao Futuro - Desafios para a Efetivação dos Direitos das Crianças e dos Adolescentes", recém-lançado pela Imprensa Oficial do Estado de São Paulo. Artigo publicado na "Folha de SP":

Ao assumir a Presidência, em 2003, Lula jogou o cacife político que obtivera nas urnas na promessa de zerar a fome no país.

Eticamente inquestionável, a meta prioritária de prover sustento nutricional mínimo a todos os brasileiros foi, segundo percepção dominante no Brasil e no exterior, satisfatoriamente alcançada e, junto com uma substancial redução da pobreza, constitui, provavelmente, a maior realização de seus dois mandatos.

Avanços fundamentais na história brasileira, a promoção dos mais pobres e a consolidação de uma efetiva trajetória de distribuição de renda, entretanto, não garantem a conquista de patamares mais elevados de civilização.

Enquanto os alunos das escolas públicas -que compõem mais de 85% dos estudantes da educação básica- continuarem à míngua em termos de qualidade de ensino, o Brasil seguirá ao sabor dos ventos e humores globais, incapaz de implementar um projeto autônomo e vigoroso de desenvolvimento.

O próximo presidente da República terá a oportunidade de liderar o país rumo à definitiva superação do subdesenvolvimento. Mas, para isso, precisará assumir plenamente a responsabilidade de elevar a educação básica brasileira a níveis de qualidade compatíveis com um projeto digno de nação.

Tarefa que provavelmente exigirá alguns sacrifícios orçamentários em relação a outras metas legítimas de governo, mas que demandará, sobretudo, determinação, coragem e competência.

Determinação para recusar objetivos políticos mais fáceis e de efeito eleitoral mais rápido. Coragem para enfrentar resistências corporativas dos que não querem ser cobrados pelos resultados de seus alunos e interesses privados dos que lucram acolhendo refugiados da escola pública em instituições particulares medíocres.

Competência para implantar as bases de um sistema educacional capaz de arregimentar universitários talentosos para a carreira docente, atrair pela qualidade e gratuidade os filhos da classe média e promover ascensão social em uma escala inédita.

Uma escola pública com essas qualidades -como existe em vários países- vale mais que qualquer tesouro mineral ou agrícola. E, por gerar uma sociedade mais esclarecida, é a melhor garantia de que as riquezas e potenciais do país serão bem explorados, com sustentabilidade e sabedoria.

Graças a uma iniciativa da Fundação Abrinq, tanto Dilma Rousseff quanto José Serra assinaram um compromisso público garantindo a continuidade do Plano Presidente Amigo da Criança e do Adolescente, lançado em 2003, que prevê a priorização de políticas e ações para a efetivação dos direitos dos brasileiros mais jovens e inclui metas educacionais.

Diante do compromisso dos candidatos e das oportunidades históricas que hoje se abrem ao país, clamamos desde já àquele que, no dia 1º de janeiro de 2011, subir a rampa do Planalto: diga claramente à nação que o verdadeiro palácio republicano, do qual a sociedade precisa tomar posse para gestar a grande e bela democracia brasileira do século 21, chama-se escola pública.

Ao proclamar e cumprir essa prioridade, aquele que assumir a Presidência vai se mostrar à altura da liderança que lhe terá sido outorgada por dezenas de milhões de votos. Creiam: a maioria dos brasileiros compreenderá a importância da missão e atenderá ao seu chamado.



(Folha de SP, 12/10)

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Unicamp cria curso para melhores alunos de escolas públicas

 O Conselho Universitário (Consu) da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), órgão máximo deliberativo da instituição, aprovou na tarde desta quinta-feira (9) o Programa de Formação Interdisciplinar Superior (ProFIS)
O ProFIS é um curso e criará 120 novas vagas de graduação destinadas aos melhores alunos das 96 escolas públicas de ensino médio de Campinas. Os ingressantes serão selecionados segundo o desempenho obtido no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), aplicado pelo Ministério da Educação.

O objetivo da iniciativa é oferecer a esses jovens, já a partir de 2011, uma formação sólida e abrangente. "Trata-se de um projeto piloto, mas de grande importância, visto que coloca uma nova possibilidade de curso e de ingresso na universidade", avaliou o reitor Fernando Ferreira Costa.

Ainda de acordo com o reitor, um dos méritos do ProFIS é enfrentar o problema da autoexclusão. A maioria dos estudantes das escolas públicas secundárias, explicou, sequer cogita participar do vestibular da Unicamp, por considerar que não teria chance de aprovação.

"Outro aspecto importante é que, embora estabeleça uma forma de entrada independente do vestibular, o ProFIS não abre mão do mérito acadêmico", lembrou. Fernando Costa também destacou que a proposta aprovada pelo Consu foi resultado de uma ampla discussão tanto no âmbito da administração central, quanto nos colegiados das unidades de ensino e pesquisa.

Trabalho para dar forma ao curso começa imediatamente

Para o pró-reitor de Graduação da Unicamp, Marcelo Knobel, a aprovação do ProFIS representa um desafio para a universidade. A exemplo do reitor, ele assinalou que a ação constitui uma quebra de paradigma, pois inova tanto na forma de ingresso dos estudantes quanto no modelo de curso a ser oferecido.
"Nossa expectativa é que alcancemos resultados muito positivos com essa experiência. A partir de manhã, já começaremos a trabalhar para dar formatação ao curso. Também vamos visitar as 96 escolas públicas de Campinas para divulgar amplamente o programa", adiantou. Segundo ele, o curso será continuamente avaliado, para que a instituição possa adotar eventuais ajustes ou correções de rumo.

A formulação da minuta do ProFIS demandou um ano de análises e pesquisas no âmbito da Pró-Reitoria de Graduação (PRG), que constituiu um grupo de trabalho específico para tratar do tema. Em seguida, a proposta foi apresentada à comunidade universitária, que a discutiu nas mais variadas instâncias.

O pró-reitor visitou as unidades de ensino e pesquisa para debater a ideia. Criticas e sugestões foram apresentadas, o que contribuiu para a elaboração da matéria apresentada e aprovada pelo Consu. De acordo com essa deliberação, as 120 vagas oferecidas pelo curso serão destinadas aos melhores estudantes das 96 escolas públicas de ensino médio de Campinas.

Esses alunos ingressarão numa espécie de núcleo comum, onde receberão uma formação interdisciplinar aprofundada durante dois anos, em período integral. Pela manhã, eles deverão permanecer em sala de aula. À tarde, participarão de atividades extracurriculares, como projetos de iniciação científica e de cunho cultural.

Entre as disciplinas que deverão compor o currículo estão ética, matemática, física, química, português, biologia, filosofia, história da arte etc. Ao final dos dois anos, aqueles que apresentarem melhor desempenho terão vagas asseguradas nos cursos tradicionais da universidade, nos quais ingressarão no primeiro ano.

Caso não haja essa possibilidade, por conta da performance ou mesmo em razão da definição de outros projetos de vida por parte de alguns desses alunos, eles receberão um certificado referente à participação no programa. Estes poderão tanto se encaminhar para o mercado de trabalho quanto tentar uma vaga na carreira de sua preferência na própria Unicamp, através do vestibular, ou em outra instituição de ensino superior.
O reitor e o pró-reitor de Graduação da Unicamp observaram que o ProFIS trará um impacto mínimo ao orçamento da instituição. Caso a iniciativa seja exitosa, assinalaram Fernando Costa e Marcelo Knobel, a universidade fará esforços para que ela seja ampliada de forma responsável e em acordo com a excelência acadêmica que caracteriza os demais cursos mantidos pela instituição.

(Manuel Alves Filho, da Assessoria de Comunicação da Unicamp)

terça-feira, 14 de setembro de 2010

Brasileiros explicam estágio atual dos experimentos no Colisor de Hádrons

Megatúnel está esmiuçando partículas atômicas por meio de colisões. Em março, acelerador fez feixes de prótons trombarem a energia recorde


Os cientistas brasileiros que trabalham no super-acelerador de partículas LHC (Grande Colisor de Hádrons) estão animados com os resultados já obtidos, mas ressalvam que é preciso ter paciência e persistência para chegar ao anúncio das primeiras grandes descobertas científicas.

O maior experimento científico do mundo consiste em colidir partículas no nível mais alto de energia já tentado, recriando as condições presentes no momento do Big Bang, que teria marcado o nascimento do universo, 13,7 bilhões de anos atrás.

O LHC, situado em um túnel subterrâneo circular de 27 quilômetros de extensão sob a fronteiro franco-suíça, começou a circular partículas em novembro de 2009 (depois de ser fechado em setembro de 2008 por causa de superaquecimento). Em 30 de março deste ano, o LHC promoveu as primeiras supercolisões de partículas 'de laboratório' da história.

Pesquisadores do CMS, um dos detectores de partículas instalados ao longo do túnel, apresentaram no início deste mês, durante o 30º Congresso de Física de Colisões, na Alemanha, resultados que indicam a detecção do "quark top" pelo acelerador.

A partícula só havia sido "vista" nos Estados Unidos, por outro acelerador, o Fermilab. "Encontrar o quark top é simbólico. Este resultado é importante porque indica que os detectores estão funcionando corretamente, caso contrário não o encontraríamos", explica o físico André David, pesquisador da Organização Europeia para Pesquisa Nuclear (Cern, na sigla em francês, a instituição responsável pelo LHC) e do Laboratório de Lisboa.

"O que procuramos aqui nunca foi visto antes, é como fazer tiro ao alvo sem o alvo, e resultados como esse indicam que estamos no caminho certo", diz o físico da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), Vitor Oguri. "Existe uma ansiedade por resultados, mas a quantidade de dados é muito grande e primeiro precisamos analisar todas as informações. E ainda refazer e melhorar a física e as medidas que foram feitas antes. A gente desconhece muito mais do que conhece. Mesmo as partículas que já foram detectadas por outros aceleradores, como o Fermilab, ainda não são totalmente conhecidas."

Os pesquisadores apontam outra característica do empreendimento: "Os trabalhos aqui são feitos em colaboração, às vezes um grupo se concentra em uma determinada parte, mas a análise física é bem distribuída. Assim, os resultados não podem ser individualizados, os resultados individuais são utilizados por todos", explica Wanda Prado, também da Uerj.

(Ana Luiza Sério)

(G1, 11/9)

Professores brasileiros fazem curso no Cern

O sonho de visitar o maior laboratório de física do mundo não só se tornou realidade como veio com uma grande oportunidade: a de fazer um curso na Escola de Professores no Centro Europeu de Pesquisa Nuclear (Cern), em Genebra, na Suíça

Dezenove professores brasileiros que lecionam física para o ensino médio, nas redes públicas e particulares, foram selecionados para fazer um curso sobre física de partículas no centro. Além de estudarem, eles devem conhecer o Grande Colisor de Hádrons (LHC), o acelerador de partículas do Cern.

O projeto é uma parceria entre a Sociedade Brasileira de Física (SBF) e o Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas (CBPF). Participaram da seleção para o curso mais de 200 professores brasileiros. Para se inscrever, todos tiveram de desenvolver projetos que objetivassem divulgar entre os alunos o aprendizado obtido na Suíça.

Para a professora Ana Luiza Pires, que dá aulas no Colégio Equipe e no Miguel de Cervantes, a aprovação no curso foi uma surpresa. "Qualquer físico reconhece a importância do Cern. Estou muito emocionada", afirma.
Maria da Glória Martini, do Colégio Móbile, considera o curso uma oportunidade única na carreira. "Aqui no Brasil não temos opções de cursos dessa grandeza. Tenho certeza de que todo esse aprendizado vai retornar para a sala de aula", diz.

A viagem para Genebra é a primeira vez em que a professora Gláucia Costa, há 24 anos na rede estadual de São Paulo, sai do país. "Eu me sinto recompensada por tudo que fiz até hoje", conta. "Vou reviver um pouco da física nuclear que vi na faculdade."



(Mariana Mandelli)



(O Estado de SP, 13/9)

20% sai do ensino médio com matemática de 4ª série

Um quinto dos alunos que terminam o ensino médio no Brasil não sabe em matemática nem o que se espera para um estudante do 5º ano (ou 4ª série) do fundamental. Apenas 11% têm conhecimento adequado para este nível de ensino na disciplina.

Para Mozart Neves Ramos, presidente do Todos Pela Educação, faltam professores com formação específica.


No caso dos estudantes com conhecimento abaixo do 5º ano, isso significa que fazem apenas operações básicas como soma e divisão. Ao se depararem com gráficos com mais de uma coluna ou na hora de converter medidas -como quilogramas em gramas- apresentam dificuldades.


Os dados foram obtidos pela Folha a partir da Prova Brasil e do Saeb, exames do Ministério da Educação que avaliam alunos de escolas públicas e particulares em matemática e português.

Entre todos os níveis analisados - a prova avalia alunos no 5º e 9º anos do fundamental, além da última série do médio -, o pior desempenho foi em matemática no 3º ano do antigo colegial.

Na comparação com 2005, o resultado de 2009 de alunos com nível adequado caiu de 13% para 11% . Se, ao final do ciclo básico escolar, os resultados são desanimadores, no início há sinais de mudança. Em matemática, aumentou de 20% para 33% o percentual de alunos com conhecimento adequado no 5º ano.

A divisão dos alunos em níveis adequados ou não é feita a partir dos resultados fornecidos pelo Inep (órgão do MEC responsável pelas avaliações), mas usando a escala do movimento Todos Pela Educação, que cobra do poder público metas a serem atingidas até 2022.

O MEC apenas informa a distribuição dos alunos em 14 níveis de aprendizado, sem utilizar termos como adequado ou avançado.

Mozart Neves Ramos, presidente do Todos Pela Educação, destaca que, em português, varia pouco o total de alunos com conhecimento adequado nos três níveis.

Já em matemática, o que se observa é uma queda brutal, com um percentual de 33% nos anos iniciais e de apenas 11% ao final do ensino médio com aprendizado adequado.

"O problema em matemática é que, no início, é mais fácil ensinar as operações básicas. Nos níveis seguintes, no entanto, a matéria fica muito mais complexa, e faltam professores com formação específica", diz Ramos.

Impacto da escola

Paula Louzano, pesquisadora com doutorado em Política Educacional pela Universidade Harvard (EUA), lembra que a análise do desempenho em matemática costuma refletir mais o impacto da escola, já que, em português, o conhecimento do aluno é mais influenciado pela escolaridade da família.

(Antônio Gois)



(Folha de SP, 13/9)

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Educação no Brasil abaixo da média

Estudo da OCDE mostra desemprego maior para quem cursou ensino médio

Os indicadores de educação do Brasil ainda estão muito abaixo da média registrada pelos países desenvolvidos, o que prejudica o mercado de trabalho brasileiro, como mostrou estudo divulgado ontem pela Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE).

A pesquisa "Olhares sobre Educação 2010" aponta que mais da metade (51%) da população brasileira entre 25 e 64 anos ainda não tinha completado o ensino médio em 2008, enquanto na média dos 31 países ricos da OCDE a taxa é de 29%.

Além disso, a taxa de desemprego no Brasil é menor entre os adultos que não completaram o ensino médio que entre aqueles que já completaram este nível de ensino.

Em entrevista à BBC Brasil, o economista Etienne Albiser informou que o índice de desemprego entre os que não concluíram o segundo grau no Brasil é de 4,7%, enquanto a taxa dos que terminaram o curso é de 6,1%.

Os dados vão contra a tendência registrada entre os países desenvolvidos, como aponta o estudo. Em geral, a taxa de desemprego entre aqueles que cursaram o ensino médio é quatro pontos percentuais menor que os que não têm esta formação. E, segundo especialistas, o ensino médio é considerado o preparo mínimo para disputar uma vaga em um competitivo mercado de trabalho.

Segundo Albiser, a diferença no caso brasileiro está ligada à alta taxa de desemprego entre mulheres que concluíram o segundo grau e também à estrutura da economia brasileira, que teria mais necessidade de mão de obra menos qualificada.

Os números citados pela OCDE diferem dos dados mais recentes da Pesquisa Mensal do Emprego (PME) do IBGE. Pela PME, a taxa de desemprego da população com onze anos ou mais de estudo - ou seja, com o ensino médio completo - era de 6,6% em julho.

No caso de quem tem entre oito e dez anos de estudo, a taxa é de 9,3%. O nível chega a 6,1% na população classificada entre sem instrução a oito anos de estudo. A taxa maior nas faixas mais instruídas ocorre porque representam parcela maior na força de trabalho no Brasil, já que quase metade da população ocupada no país tem pelo menos o ensino médio completo.

Organização defende investimento em educação

A boa notícia é que o investimento em educação, em relação ao Produto Interno Bruto (PIB, conjunto dos bens e serviços produzidos no país ao longo de um ano), aumentou de 3,7% no período entre 1994 e 2000 para 5,2% em 2007, segundo a OCDE. A taxa, no entanto, ainda é inferior à média dos países ricos da OCDE, de 6,2%.

O Brasil também passou a dedicar um percentual maior de seu orçamento à educação. O nível subiu de 11,2% em 1995 para 16,1% em 2007.

Com o acirramento da concorrência no mercado de trabalho, a OCDE defende mais investimentos na qualidade de a educação, de maneira a garantir um crescimento econômico a longo prazo.

- Diante de uma recessão mundial que continua a pesar sobre o emprego, a educação constitui um investimento essencial para reagir às evoluções tecnológicas e demográficas que redesenham o mercado de trabalho - afirmou o secretário-geral da OCDE, Angel Gurría, ao lançar o estudo em Paris.



(O Globo, 8/9)

Começa processo de construção do Centro de Lançamento de Alcântara (MA)

Em solenidade marcada para esta quinta-feira (9/9), às 11h, em Alcântara (MA), será lançada a pedra fundamental das obras de construção do centro de lançamento da binacional brasileiro-ucraniana Alcântara Cyclone Space (ACS)

Participam do evento o ministro da Ciência e Tecnologia, Sergio Rezende, representantes da Agência Espacial Brasileira (AEB/MCT), os diretores da ACS, Roberto Amaral e Oleksandr Serdyuk, e do Departamento de Ciência e Tecnologia da Aeronáutica (DCTA).

As autoridades também visitam as obras da nova Torre Móvel de Integração (TMI) e a nova Sala de Controle do Centro de Lançamento de Alcântara (CLA).

As obras do sítio de lançamento da ACS devem começar ainda este ano. Atualmente, é feita a supressão vegetal nos 500 hectares do terreno que abrigará o complexo espacial. A expectativa da binacional é lançar o primeiro foguete Cyclone-4 em fevereiro de 2012.

A nova Torre Móvel é apontada como uma das plataformas mais modernas do mundo para veículos espaciais do porte do Veículo Lançador de Satélite (VLS). Com o término dos trabalhos de construção e montagem, começarão os testes funcionais com a utilização de um mock-up (maquete em escala real) do VLS.

Já a Sala de Controle (CCT), do CLA, foi modernizada para atender, principalmente, os requisitos para o lançamento do Cyclone-4.

As atividades de implantação do novo centro começaram em 2009, e incluíram, também, a modernização do Centro de Controle Avançado (Casamata) e mais 21 posições operacionais distribuídas pelo CLA, como radares, telemetria, tratamento de dados, meteorologia, subestações de energia, central telefônica, central elétrica, sistemas de comunicação por microondas, telecomando, prédios operacionais do Setor de Preparação e Lançamento, portarias, bombeiros, casa de apoio, etc.

Estão incluídos, ainda, na modernização a sala de segurança de voo, a sala de segurança de superfície, o auditório do CCT (ampliado de 50 para 70 posições), a sala data center, sala de gerenciamento de crise e sala de chaveamento. As obras custaram R$ 22,3 milhões.



(Assessoria de Comunicação do MCT)

Brasil vai ter centro para estudar ocorrência de vida fora da Terra

Ligado ao Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas (IAG) da Universidade de São Paulo (USP), centro será instalado em Valinhos, a 90 quilômetros de São Paulo

Um laboratório em Valinhos, a 90 quilômetros de São Paulo, investigará quais as chances de existir vida fora da Terra. O pós-doutorando Douglas Galante falou sobre o projeto no simpósio Frontiers of Science, realizado há uma semana em Itatiba, interior de São Paulo.

O encontro, que abordou temas tão diversos como neurociência e biocombustíveis, reuniu jovens cientistas da Inglaterra e do Brasil e marcou as comemorações pelo 350º aniversário da Royal Society, a mais antiga academia de ciências do mundo.

- Que perguntas a astrobiologia pretende responder?

A origem e a evolução da vida no universo, a existência da vida fora da Terra e o futuro da vida no nosso planeta.

- E como ela encontra respostas para essas perguntas?

Para responder à questão sobre a origem da vida, por exemplo, você precisa descobrir primeiro como foi a origem dos elementos químicos, a formação dos elementos pré-bióticos, o surgimento das células primitivas e o início dos mecanismos genéticos. São questões complexas. Por isso, a ideia da astrobiologia é reunir cientistas de várias áreas para chegar às respostas.

- Quais os esforços nesta área no país?

Estamos montando o Laboratório de Astrobiologia (AstroLab), em Valinhos, ligado ao Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas (IAG-USP). Contaremos com o apoio de pesquisadores da UFRJ e do Instituto Oceanográfico da USP. Os equipamentos para o Laboratório de Microbiologia já chegaram. Em dois meses, deverá estar funcionando. A verba para construção das câmaras planetárias, que simularão as condições para a vida fora da Terra, já foi aprovada. A liberação e construção devem ocorrer nos próximos meses.

- É possível imaginar a vida sem carbono e água?


Na ficção científica, você encontra menções a formas alternativas de vida, como a vida baseada em silício, uma substância capaz de formar polímeros parecidos com os do carbono. Mas o silício, apesar de ser o segundo elemento mais versátil, permanece muito aquém do carbono. Você não conseguiria formar a variedade de compostos que acompanham a vida na Terra. Já o solvente, acredito que existam alternativas para a água. Talvez um solvente orgânico misturado com sal seja um bom substituto. Encontraram, por exemplo, metano e etano líquidos em Titã, um satélite natural de Saturno.

- Como vocês pretendem investigar a vida nos planetas fora do Sistema Solar, os exoplanetas?

Não será uma tarefa simples. Há cerca de 470 exoplanetas identificados até agora. Conhecemos suas massas e algo sobre suas órbitas. Mas não sabemos quase nada sobre suas propriedades físicas. Precisamos apontar nossos telescópios para os exoplanetas, captar sua luz, tirar um espectro dela e tentar descobrir assinaturas das moléculas que compõe sua atmosfera. Já conseguimos aplicar a técnica para gigantes gasosos, mas não para planetas rochosos como a Terra. Precisamos esperar a próxima geração de telescópios. Mesmo assim, será só o primeiro passo. Descobrir a presença de oxigênio em um exoplaneta não comprova a existência de formas de vida que realizam fotossíntese, por exemplo.



(Alexandre Gonçalves)



(O Estado de SP, 8/9)

OBMEP

Segunda fase da olimpíada terá as provas aplicadas no sábado


Estudantes do sexto ao nono ano do ensino fundamental e das três séries do ensino médio participam da edição de 2010 da Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas (Obmep)

Estudantes da educação básica de todo o país participam no sábado, 11 de setembro, da segunda fase da 6ª Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas (Obmep). A competição reunirá 862.994 alunos do sexto ao nono ano do ensino fundamental e dos três anos do ensino médio. A divulgação dos vencedores está prevista para 26 de novembro.

As provas serão aplicadas por fiscais em 8.474 centros, escolhidos pela coordenação da Obmep, a partir das 14h30 (horário de Brasília), com duração de três horas para todos os níveis de ensino. Nesse período, os participantes vão responder de seis a oito questões dissertativas. Ao fim da prova, devem apresentar ao fiscal os cálculos e o raciocínio que empregaram para solucionar os problemas.

Os testes estão divididos nos níveis um (estudantes do sexto e sétimo anos do ensino fundamental), dois (oitavo e nono anos do ensino fundamental) e três (qualquer série do ensino médio). A correção será feita por comitês compostos por professores de matemática contratados para esse fim. Desse grupo de alunos sairão os 500 ganhadores de medalhas de ouro, 900 de prata, 1,8 mil de bronze e até 30 mil candidatos a menção honrosa.

Parceria - Promovida pelos ministérios da Educação e da Ciência e Tecnologia, a Obmep é realizada pelo Instituto Nacional de Matemática Pura e Aplicada (Impa) e pela Sociedade Brasileira de Matemática (SBM). A competição deste ano recebeu 19,6 milhões de inscrições de alunos, que fizeram as provas da primeira etapa. Eles representaram 44,7 mil escolas dos 26 estados e do Distrito Federal.
Informações sobre os tipos de testes aplicados nas edições anteriores, documentos necessários e consulta aos locais de provas estão na página eletrônica da Obmep: http://www.obmep.org.br/



(Assessoria de Imprensa do MEC)

















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domingo, 29 de agosto de 2010

Céu Agitado

Um céu agitado


Adilson de Oliveira aproveita alguns fenômenos astronômicos que chamaram a atenção do público neste mês – duas chuvas de meteoros e a conjunção da Lua com quatro planetas – para renovar suas críticas à astrologia.



Por: Adilson de Oliveira



Publicado em 20/08/2010
Atualizado em 20/08/2010





Chuva de meteoros das Perseidas fotografada na noite de 13 para 14 de agosto de 2010 do Observatório Paranal, no Chile, mantido pelo Observatório Europeu do Sul. Os meteoros são detritos do cometa Swiftt-Tuttle (foto: Stéphane Guisard / ESO).

As noites de inverno costumam ser as mais interessantes para se observar o céu. Devido ao tempo seco e com poucas nuvens, em lugares afastados dos grandes centros urbanos é possível observar detalhes interessantes que normalmente passam despercebidos devido à poluição atmosférica e luminosa.

É possível contemplar, além da Lua e dos cinco planetas visíveis (Mercúrio, Vênus, Marte, Júpiter e Saturno), fenômenos astronômicos que ocorrem com alguma frequência e são previsíveis, dada a sua regularidade.

Neste mês de agosto de 2010, dois tipos de fenômenos astronômicos chamaram a atenção, inclusive da mídia. Um deles foi a conjunção da Lua com Mercúrio, Vênus, Marte e Saturno, que pôde ser melhor vista nos dias 13 e 14. A conjunção é um alinhamento de planetas que ocorre com certa periodicidade devido ao fato de os períodos de translação ao redor do Sol serem fixos.

O outro evento interessante foram as chuvas de meteoros de Delta Aquaridius, no dia 10 de agosto, e das Perseidas, que tiveram sua atividade máxima no dia 12. Esses nomes vêm das constelações de Aquarius e de Perseus, que ocupam a região do céu da qual parecem sair os meteoros observados durante esses fenômenos.

A chuva de meteoros mais intensa foi a das Perseidas. Pouco desse fenômeno pôde ser visto nas regiões Sul e Sudeste do Brasil, mas ele foi mais intenso nas regiões Norte e Nordeste e nos países do hemisfério Norte.
Planetas em conjunção

As conjunções planetárias são conhecidas desde a Antiguidade. A partir da disposição dos planetas no céu e da sua posição em relação aos outros planetas, os astrônomos gregos conseguiram estimar as distâncias planetárias.

Conjunção de Mercúrio e Vênus (alinhados acima da Lua) observada a partir do Observatório Paranal. A previsão da ocorrência desses fenômenos é fundamental para planejar viagens espaciais (foto: Yuri Beletsky / ESO).Hiparco e Aristarco, entre outros, conseguiram dimensionar o tamanho do nosso Sistema Solar a partir dessas observações relacionando a distância dos planetas com a distância da Terra ao Sol. Esta última foi estimada a partir de um eclipse lunar e com o raio da Terra que havia sido estimado por Erastóstenes, que viveu no Egito entre 276 e 194 a.C.

Atualmente a observação dessas disposições planetárias não tem grande importância, uma vez que já são bem conhecidas. A previsão das suas ocorrências, no entanto, é de fundamental importância para o planejamento das viagens espaciais, principalmente aos planetas gigantes do Sistema Solar, como Júpiter, Saturno, Urano e Netuno.

Para muitas pessoas, porém, a disposição dos planetas em relação a uma determinada constelação ou a outro astro pode inspirar muitos temores ou dar certezas de sucesso.

A astrologia, pseudociência que tenta relacionar a disposição dos astros no céu com os destinos das pessoas nas Terra – e que já tive a oportunidade de contestar em uma coluna anterior –, utiliza muito em suas previsões essas configurações planetárias.

A disposição dos planetas no céu não influencia em nada vida das pessoasEm particular, a presença de vários planetas na mesma constelação no céu leva a diferentes interpretações astrológicas. Recentemente, por exemplo, a presença de Vênus, Marte, Saturno e da Lua na constelação de Virgem e de Mercúrio na constelação de Leão foi vista pelos astrólogos como um evento rico em significados.
Mas, do ponto de vista estritamente científico, a disposição dos planetas no céu não influencia em nada vida das pessoas. Primeiramente, a posição dos planetas é relativa ao seu movimento. Eles podem parecer próximos no céu, mas espacialmente não estão. Além disso, as constelações também são apenas configurações de estrelas vistas da Terra, não havendo nenhum vínculo físico entre elas.

Chuvas de meteoros



Chuva de meteoros das Perseidas de 2007. Os traços que dão a impressão de movimento circular não são meteoros, mas estrelas (o efeito circular, devido ao movimento desses astros, é causado pela longa exposição da foto). Um meteoro pode ser visto cruzando o céu no meio da foto, em direção quase vertical (foto: Tommy Huynh / CC 2.0 BY-NC-ND).Os meteoros, por sua vez, são objetos cuja extensão pode variar de alguns centímetros até quilômetros. Ao entrar na atmosfera, esses objetos sofrem grande atrito e, como consequência, atingem altíssimas temperaturas – por isso eles aparecem como pontos luminosos correndo no céu. Uma chuva de meteoros é um evento em que um grupo de meteoros é observado irradiando de um único ponto no céu, chamado de radiante.



Os meteoros avistados nessas chuvas são geralmente detritos resultantes da passagem de um cometa. Toda vez que um cometa se aproxima do Sol, parte do seu material é vaporizado, criando a sua cauda que deixa pedaços espalhados ao longo da sua órbita. Quando a Terra cruza a órbita do cometa, vários pedaços entram na atmosfera formando a chuva de meteoros.



A chuva das Perseidas tem origem no cometa Swift-Tuttle, que completa uma órbita ao redor do Sol a cada 131 anos. Esse é o maior objeto com passagem periódica pela Terra. Sua parte sólida, com cerca de 27 km de extensão, é maior que o cometa Halley, famoso por suas passagens muito luminosas.



Embora a Terra cruze a órbita desse cometa todos os anos (por isso ocorre a chuva de meteoros Perseidas), a probabilidade de uma colisão conosco é muito pequena. Estimativas para os próximos milhares de anos indicam que somente em 15 de setembro de 4.479 há uma probabilidade de colisão da ordem de uma em um milhão, ou seja, muito remota.





Versão colorizada daquela que é conhecida como a 'gravura de Flammarion', que representa possivelmente um peregrino medieval contemplando o céu. Publicada originalmente no livro 'L'atmosphère: météorologie populaire' (1888), de Camille Flammarion, a imagem tem sido usada desde então em várias obras que defendem a astrologia (reprodução / Wikimedia Commons).



Previsões astronômicas e astrológicas

As previsões astronômicas dos movimentos dos astros atingem um grau de precisão muito alto e podem ser verificadas a partir de observações do céu com instrumentos especializados. As previsões astrológicas, por outro lado, não são validadas por não serem verificadas nem por métodos estatísticos.



As previsões astrológicas são apenas atos de féParte do sucesso nas previsões astronômicas decorre devido ao fato de a interação responsável pelo movimento planetário ser de natureza gravitacional. Com os atuais computadores, é possível realizar cálculos orbitais muito precisos.



Já na astrologia, como não se identifica a interação responsável pelos alegados efeitos dos astros na vida das pessoas, não se consegue identificar as eventuais causas das influências. Os movimentos dos objetos celestes podem até ser complicados, mas não são incompreensíveis. As previsões astrológicas são apenas atos de fé.



Adilson de Oliveira

Departamento de Física

Universidade Federal de São Carlos



Astrologia Astronomia Exploração Espacial

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domingo, 22 de agosto de 2010

SPRACE - São Paulo Regional Analysis Center

O Estudo da Física de Altas Energias investiga os constituintes elementares da matéria e as interações fundamentais.Os membros do Sprace colabaram com alguns dos principais experimentos da àrea realizados em aceleradores de partículas como o HLC (Large Hadron Collider)ligado ao Cern ( Centro Europeu de Pesquisa Nuclear),na Suiça e o acelerador Tevatron ,do Laboratório Fermi, no EUA.

SPRACE tem um forte compromisso com o ensino pois é financiado pela FAPESP.

A primeira iniciativa foi elaborar um cartaz com informaões básicas sobre a constituição da matéria, nos níveis atômico e subatômico.O projeto ,lançado em 2008,chamava-se "Estrutura elementar da matéria:um cartaz em cada escola".
Este ano desenvolveu um game que tenta popularizar o assunto e aumentar o conhecimento de estudantes sobre a matéria.
O Físico Sérgio Novaes do IFT ( Instituto de Física Teórica) da Unesp,bolou um game sobre física de partícula.

Legal o jogo: partículas fundamentais da física são alvo de nave espacial nanométrica .É divertido , vc participa ao pilotar uma nave espacial e capturar com um canhão partículas subatômicas , levá-las a um laboratório para análise.Conforme vc vai jogando vai aprendendo inclusive a manusear o mouse para pilotar a nave e atirar com o canhão .
Clicando a tecla F1 vc segue as tarefas e vai se familiarizando com os
neutrinos,tau, muon ,leptron ...quarks.
Também é possível consultar a tabela periódica dos elementos,rever
conceitos de quantidade de movimento , e a lei da ação e reação
Vamos então ao jogo que esta disponível desde maio

http://www.sprace.org.br/SPRACE/sprace-game  

A Lua está encolhendo

Frio e tectonismo fizeram satélite perder 100 metros de circunferência

Imagens de uma sonda da Nasa, divulgadas hoje pela revista "Science", revelam que a Lua está perdendo tamanho. A circunferência do único satélite terrestre já retraiu 100 metros - e este movimento ainda estaria longe do fim. A contração foi motivada pelo esfriamento do corpo celeste.

Formada após um intenso bombardeio de asteroides e meteoros, a Lua, antes quente, esfriou com a idade. Seu interior resfriado provocou o surgimento de escarpas na superfície.

Algumas destas ondulações já eram conhecidas. Mas outras 14, dispersas por todo o satélite, foram documentadas pela primeira vez.

O registro foi feito a partir de objetivas instaladas na Sonda de Reconhecimento Lunar, em órbita há cerca de um ano.

Houve uma contração radical das ondulações - explicou ao Globo Thomas Watters, pesquisador do Museu Nacional do Ar e do Espaço e principal autor do trabalho. - As escarpas foram formadas dentro do último bilhão de anos. Pela aparência, no entanto, elas poderiam ser mais novas.

Embora este período pareça uma eternidade nos padrões humanos, ele corresponde a menos de 25% do tempo de existência da Lua.

A equipe de Watters constatou que o esfriamento lunar, um processo antigo, teria se conjugado com uma atividade tectônica recente no satélite. Por isso, as ondulações poderiam ter menos de 100 milhões de anos.
Lua não vai recuperar tamanho nem sumir

De acordo com Watters, não há possibilidade de que a mudança na circunferência seja resultado de um ciclo - ou seja, que a Lua se expanda e recupere a circunferência perdida.

Este movimento só seria possível se o satélite ganhasse uma nova fonte interna de calor - avaliou. - Na verdade, é mais provável que a Lua continue esfriando lentamente.

O encolhimento flagrado pelas câmeras é pequeno demais para ser observado a olho nu. E esta situação não mudará: Watters acredita que a Lua retrairá "um pouco mais" e, depois, sua circunferência vai se estabilizar.

A possibilidade de que o corpo celeste desapareça está descartada. Tampouco suas mudanças de tamanho provocarão qualquer efeito na Terra.

Espera-se que a sonda, que continuará sendo usada no mapeamento da Lua, proporcione mais revelações relacionadas à sua história e à do próprio Sistema Solar.

As ondulações já conhecidas na Lua foram registradas nos anos 70, pelas missões Apollo 15, 16 e 17. Estes veículos, no entanto, orbitaram apenas pelo equador lunar, sugerindo que estas escarpas eram um fenômeno localizado. Agora que elas foram encontradas em outras localidades, ganhou força a tese de que elas seriam um processo global - e a explicação mais natural seria que o corpo celeste está encolhendo.

As ondulações da Lua são encontradas em outros corpos do Sistema Solar, como Mercúrio, onde elas são muito maiores do que as do satélite terrestre. O tamanho das formações naquele planeta faz os cientistas acreditarem que ele estava completamente derretido quando se formou.

(Renato Grandelle)

(O Globo, 20/8)

Programa leva professores da USP às escolas públicas

"Docentes Embaixadores" apresentam universidade a jovens do último ano do ensino médio

Uma das principais novidades do Programa de Inclusão Social da Universidade de São Paulo (Inclusp), em 2010, é o programa Docentes Embaixadores, que propõe aos professores da USP, inclusive os aposentados, comparecerem a pelo menos uma escola estadual pública para falar aos jovens do último ano do ensino médio.

Na pauta dos docentes, as propostas de inclusão dos alunos da rede pública à universidade, informando-os de que é possível cursar o ensino superior em um centro de excelência, público e gratuito, como é a USP.

Criado em 2006, o Inclusp dedica-se à ampliação do ingresso de alunos de escolas públicas na Universidade, além de apoiá-los em sua permanência com ações de largo alcance antes, durante e após o vestibular.

A ideia de promover o contato de docentes da universidade com jovens do ensino médio das escolas estaduais partiu do coordenador do Programa de Avaliação Seriada (Pasusp), que também faz parte do rol de ações do Inclusp, Mauro Bertotti. Para ele, o programa Docentes Embaixadores é muito propício porque também dá ao professor condições de acompanhar, com propriedade, a complexidade das ações do Inclusp.

"Os docentes passam a entender melhor os problemas do ensino fundamental e médio, e a relação deles com a USP, podendo analisar com precisão as soluções de inclusão da Universidade", afirma Bertotti. "O inequívoco valor da experiência amplia o repertório da abordagem que os docentes fazem junto aos alunos do ensino público, transmitindo a eles muitas informações essenciais sobre a USP. Com isso, fazem toda a diferença".

Aposentada na Faculdade de Economia e Administração (FEA), a professora Nena Jeruza Cei definiu que comparecerá, dentro do programa Docentes Embaixadores, à Escola Estadual Architiclinio Santos, em São Paulo. "Gostei muito da proposta deste programa, achei o máximo", comemorou Nena.
A professora aposentada acredita que os professores podem e devem participar sempre de atividades que sejam úteis à sociedade. Segundo ela, conhecida carinhosamente pelos alunos de graduação como "Mãe da Creche", o ensino de qualidade no ensino médio e nos primeiros anos de faculdade é essencial para que se tenha, posteriormente, uma pós-graduação de bom nível.

A Escola Estadual Fernão Dias, também localizada na cidade de São Paulo, foi a escolhida pela pesquisadora e professora da Faculdade de Saúde Pública (FSP), Frida Marina Fischer. Nela, Frida já realizou pesquisas importantes com adolescentes que estudam e trabalham, quando pôde observar cientificamente as consequências, para a saúde deles, de aspectos como sono e fadiga.

"Creio que o Inclusp permite aos jovens, na maioria, originários de famílias de baixa renda, entrar numa universidade pública de qualidade", afirma a professora. "Foi possível observar, ao realizar essas pesquisas, os grandes esforços que, principalmente, alunos que estudam e trabalham têm de fazer para poder frequentar a escola no período noturno e ter um bom aproveitamento escolar".

Presidente da Editora da USP (Edusp) e professor da Escola de Comunicações e Artes (ECA), Plinio Martins Filho, credita ao foco no mérito a maior das virtudes do Programa de Inclusão da Universidade.

"Os bons alunos de escola pública têm mais chances hoje do que na minha época em chegar à USP", avalia Martins Filho. Na condição de um dos principais editores de livros do país, Plinio pretende recomendar muita leitura aos jovens alunos do ensino médio.

"Em geral, quem entra na universidade tem na família um histórico de grande contato com a leitura. O livro é muito importante para a formação das pessoas. Quem lê bastante terá mais chances de se sair bem no ensino superior", diz o editor e professor.

Outro professor aposentado que vai participar do programa Docentes Embaixadores é Valdemar Setzer, vinculado ao Departamento de Ciência da Computação do Instituto de Matemática e Estatística (IME) da USP.

Aos alunos, Setzer deve explicar o que significa cursar um bacharelado em ciência da computação, empenhando-se para que eles tenham a percepção de que tiveram contato, de fato, com informações que lhes podem ser úteis para chegar à USP.

(Jorge Vasconcellos, da Assessoria de Imprensa da Reitoria da USP)

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Ondas Gravitacionais

Nasa e Agência Espacial Europeia preparam megaexperimento no espaço destinado a comprovar a existência de ondas gravitacionais, única parte da Teoria da Relatividade do físico alemão ainda não cientificamente demonstrada
A única parte da Teoria da Relatividade Geral que ainda não havia sido comprovada pela ciência pode vir a ser totalmente esclarecida por meio de uma parceria entre a Agência Espacial Europeia (ESA) e a Agência Espacial Americana (Nasa).
Está previsto para 2020 o lançamento em órbita solar da Antena Espacial de Interferômetros a Laser (Lisa, na sigla inglesa), um experimento gigantesco que visa estudar e principalmente comprovar a existência das ondas gravitacionais, fenômenos descritos pelo físico Albert Einstein em 1915.
De acordo com especialistas no assunto, ondas gravitacionais consistem em vibrações na curvatura do espaço-tempo (como se fossem uma só unidade) que tiveram origem a partir da colisão de grandes estrelas e formações de buracos negros.
O grande objetivo do Lisa, portanto, é medir oscilações sutis no espaço causadas por ondas gravitacionais fracas. De acordo com o projeto, o experimento consistirá em três satélites que orbitarão o Sol, conectados por feixes de laser, formando um grande triângulo espacial. Segundo o cientista da ESA Fabio Favata, o custo médio do projeto está estimado em 650 milhões de euros. Os três satélites que fazem parte do Lisa devem ficar separados uns dos outros por 5 milhões de quilômetros e trilharão atrás da Terra a uma distância de 50 milhões de quilômetros, o equivalente a 20 graus.
"Os satélites levarão consigo dois cubos flutuantes de ouro platinado, totalmente protegidos do ambiente externo, principalmente da luz e de partículas cósmicas. Portanto, as ondas gravitacionais devem modificar a distância entre esses cubos de ouro em cinco centésimos de angström, medida comumente utilizada para lidar com grandezas da ordem do átomo. A movimentação desses cubos demonstrará a existência das ondas", explica o cientista da ESA.
Favata, chefe de Planejamento da Ciência e do Gabinete de Coordenação da Comunidade da ESA, revela que cientistas do mundo todo também participam da iniciativa. "Para se ter uma ideia, pelo menos 200 pesquisadores costumam participar das reuniões da comunidade, os chamados simpósios", destaca.
Estudioso do assunto desde a década de 1980, o físico do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) Odylio Denys de Aguiar explica que hoje em dia a ciência conta com detectores sensíves a ondas gravitacionais, numa faixa de frequência entre 10 hertz e 10 khertz. "Esses aparelhos, porém, só conseguem captar a existência de ondas muito fortes, verdadeiras tsunamis, o que é raro. Nas frequências mais baixas, existe uma quantidade e previsão maior de ondas gravitacionais na natureza. O Lisa conseguirá atingir essas faixas (mais baixas), captando ondas mais comuns e de forma contínua", afirma.

"Ondas do mar"
Descritas por Albert Einstein na Teoria da Relatividade Geral, em 1915, as ondas gravitacionais fazem parte de um hall de temas científicos ainda pouco conhecido do grande público.
Na tentativa de explicar o fenômeno de maneira mais simples, o professor do Departamento de Física e Química da Universidade Estadual Paulista (Unesp) Cláudio Carvalho toma como exemplo as ondas do mar. "Imagine um indivíduo dentro do mar. Nessa situação, ele sente a força das ondas de forma contínua, sendo que elas (as ondas) podem até derrubá-lo", diz.
Conforme o docente da Unesp, se essa mesma pessoa estiver dentro do mar, mas em meio a uma tempestade, ela provavelmente sentirá que as ondas e a força proveniente delas surgem das mais diversas direções. Nesse caso, conforme o especialista, as ondas seriam tão fortes que poderiam inclusive matar a pessoa.
"No caso das ondas gravitacionais, ocorre algo parecido. A fonte gravitacional depende do tamanho dos corpos que produzem a força gravitacional. Quanto maior a massa, maior a força produzida e, no caso de dois corpos muito grandes colidirem, surgiriam várias ondas ou um choque delas. Mas isso precisaria acontecer entre buracos negros, por exemplo", explica.
Na opinião do especialista, caso as ondas gravitacionais sejam comprovadas, será possível entender melhor o universo. "No momento, contudo, a principal contribuição vem da tecnologia que está por trás de toda essa empreitada da Nasa e da Esa", avalia.
Já Odylio Denys acredita que as ondas gravitacionais podem abrir uma verdadeira "janela de observação para o universo", numa faixa de frequência que ainda não existe. "O fenômeno pode contribuir para explicar, por exemplo, explosões de estrelas.
Informações a respeito de outras fases do universo, inclusive de seu nascimento, também estarão mais próximas de nós", afirma, lembrando que o estudo das ondas gravitacionais pode indicar se houve ou não a explosão do Big Bang ou se o universo já existia antes disso. "São inúmeras as possibilidades de estudo", finaliza.

(Correio Braziliense, 11/8)

Lixo Nuclear

Antes do início das obras de um depósito de longa duração, a usina nuclear de Angra 3 não poderá entrar em operação.Uma área longe dos centros urbanos, isolada, no Nordeste. Esse é o provável destino do lixo de alta atividade radioativa produzido no país, o rejeito do combustível usado nas usinas nucleares, prevê o ministro da Ciência e Tecnologia, Sérgio Rezende.
Atualmente, os rejeitos das usinas são guardados em piscinões instalados nas próprias usinas.Mas a construção de um depósito de longo prazo para os rejeitos de alta radioatividade deverá começar até 2014, data prevista para a entrada em operação da usina nuclear de Angra 3, no Estado do Rio de Janeiro.A construção desse depósito é uma das exigências da licença ambiental concedida para a retomada das obras de Angra 3. Sem o início das obras, a usina não poderá entrar em operação.
Segundo Sérgio Rezende, a localização do depósito será objeto de um leilão. O município que abrigar o futuro depósito receberá dinheiro em formato de royalties da União.
"Não vejo dificuldade, acho que haverá vários municípios disponíveis, provavelmente no Nordeste", disse o ministro.
A localização do depósito é uma das indefinições do Programa Nuclear Brasileiro. Também segue sem definição do governo a localização das duas próximas usinas nucleares, cuja entrada em operação é prevista para ocorrer até 2022. Estudos da Eletronuclear apontam 22 locais no Nordeste, inclusive às margens do Rio São Francisco.
As indefinições do programa vêm se arrastando desde dezembro de 2008, quando ocorreu a última reunião sobre o tema em comitê de ministros.
Em maio de 2009, o Ministério de Ciência e Tecnologia fechou proposta de criar a Agência Reguladora Nuclear, encarregada de fiscalizar a área, tarefa atualmente à cargo da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN). No entanto, o texto ainda não foi enviado ao Congresso Nacional.
Também circula no governo minuta de decreto presidencial que nomeia o secretário de Assuntos Estratégicos, Samuel Pinheiro Guimarães, coordenador do comitê de ministros responsável pelo programa nuclear.

(Marta Salomon)

(O Estado de SP, 11/8) Jornal da Ciência

Usinas de urânio receberão R$ 348 milhões - Jornal da Ciência

Brasil é um dos poucos países que tem reserva de urânio e sabem enriquecê-lo.
1Para o país poder exportar urânio enriqu0ecido até o fim da década e superar o atraso no plano de dominar o ciclo do combustível nuclear em escala industrial, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva determinou a inclusão no Orçamento do ano que vem, o primeiro de seu sucessor, de um investimento de R$ 127 milhões, informou o ministro Sérgio Rezende (Ciência e Tecnologia).

O programa nuclear brasileiro foi assunto de reunião reservada de Lula com um grupo de ministros há duas semanas. A autossuficiência no ciclo do combustível nuclear, planejada inicialmente para 2013, foi descartada na reunião. A meta agora é atingir esse objetivo no ano seguinte, mas isso depende de investimentos no primeiro ano de governo do sucessor de Lula, contou o ministro.Os R$ 127 milhões da conta apresentada por Rezende no encontro com Lula são a primeira parcela do dinheiro necessário para ampliar a escala de conversão do concentrado de urânio em gás, numa etapa intermediária do enriquecimento do urânio ainda feita totalmente no exterior, e também para aumentar a fabricação de ultracentrífugas. O custo total das novas fábricas é de R$ 348 milhões em três anos.
O valor necessário durante o primeiro ano é pequeno, e o presidente determinou que seja colocado no Orçamento para que o programa nuclear não atrase mais", relatou Sergio Rezende ao Estado.
As necessidades de consumo de urânio enriquecido foram estabelecidas com base na expansão no número de usinas nucleares no país. Além de retomar as obras de Angra 3, cuja construção ficou interrompida desde 1986, o governo estuda a construção de pelo menos mais quatro usinas, de 1.000 MW (megawatts) cada, até 2034. As duas primeiras são projetadas para o Nordeste, provavelmente às margens do rio São Francisco.

Embora polêmico, o enriquecimento de urânio é positivo porque agrega valor ao minério. O Brasil é um dos poucos países que detêm grandes reservas e também sabe enriquecê-lo.

Projeções levadas a Lula mostram que o país precisa enriquecer urânio para abastecer nove usinas nucleares até 2034. Mas as mesmas projeções indicam a produção de excedentes de concentrado de urânio, gás hexafluoreto e urânio enriquecido, respectivamente, a partir de 2012, 2014 e 2018.



"A exportação de excedentes é uma possibilidade", diz o ministro de Ciência e Tecnologia. Dados levados a Lula defendem o enriquecimento do urânio no país: "A tecnologia da ultracentrifugação é dominada por um pequeno número de países e não está disponível para a compra, agrega substancial valor ao urânio pois representa 35% do custo de produção do combustível para as usinas nucleares", argumenta o documento.

No mês que vem, deverá ser inaugurada no interior de São Paulo a primeira fábrica piloto de conversão de concentrado de urânio em gás hexafluoreto. A unidade construída na área da Marinha, em Aramar, tem capacidade de produção de 40 toneladas por ano. Mas a meta é multiplicar a produção para 1.500 toneladas por ano.
A nova fábrica de ultracentrífugas também ficará na área da Marinha. As ultracentrífugas serão montadas em Resende (RJ), onde já operam três cascatas de enriquecimento de urânio a 3,5%, porcentual usado no combustível nuclear. Cerca de 90% do enriquecimento do urânio consumido nas usinas de Angra dos Reis ainda é feito na Europa.

(Marta Salomon)

(O Estado de SP, 11/8)





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terça-feira, 3 de agosto de 2010

Mast promove XVIII Semana de Astronomia

Durante quatro dias, a partir de quinta-feira, dia 5, os visitantes do Museu de Astronomia e Ciências Afins (Mast), no Rio, vão se divertir e aprender um pouco mais sobre os astros.Entre 5 e 8 de agosto, o Museu de Astronomia e Ciências Afins (Mast) promove a XVIII Semana de Astronomia que, este ano, terá como tema "Brasil na Astronomia". Com o objetivo de aproximar as pessoas desta ciência tão peculiar e curiosa, várias atividades, oficinas e mesas-redondas serão oferecidas aos visitantes durante os quatro dias.
Todas as palestras e mesas-redondas acontecerão no Auditório do MAST e serão transmitidas pelo link abaixo
A entrada é gratuita. O Museu está localizado na Rua General Bruce, 586, São Cristóvão.

(Assessoria de Comunicação do Mast)


link para http://www.mast.br

sábado, 31 de julho de 2010

Debate aborda desafios da formação de professores

JC e-mail 4064, de 30 de Julho de 2010.


Programas da Capes apoiam estudos que buscam soluções para o exercício da docência e para a rotina da sala de aula


Em mesa-redonda realizada nesta quarta-feira, 28 de julho, em Natal (RN), foram abordadas ações e desafios no âmbito de políticas públicas voltadas à formação de professores. O debate, direcionado inicialmente à educação física, tratou sobre a qualificação docente da educação básica em várias disciplinas.



O diretor de Educação Básica Presencial da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), João Carlos Teatini, apresentou o Plano Nacional de Formação de Professores (Parfor).



Teatini lembrou que a área de educação básica na Capes foi inserida no final de 2007, com a nova estrutura da instituição. "Na verdade houve uma retomada da missão original da Capes, quase 60 anos depois." A instituição foi originada no intuito de atuar numa visão sistêmica da educação das séries iniciais à pós-graduação.



Entre os principais desafios do Parfor relatados pelo diretor estão: cumprir as ofertas de cursos/vagas; minimizar evasão, garantindo apoio aos professores; criar modelos de cursos adequados aos professores em exercício; e promover inovação curricular e de projetos pedagógicos.



Para superar essas e outras questões, há programas da Capes que apóiam estudos que buscam soluções para o exercício da docência e para a rotina da sala de aula, entre eles o Programa de Consolidação das Licenciaturas (Prodocência), o Observatório da Educação e o Observatório da Educação Escolar Indígena.



Outro programa apresentado por Teatini foi o Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência (Pibid), que dá oportunidade ao aluno, no início do curso de licenciatura, de ter contato com a profissão. "Não adianta apenas formar mais professores, mas sim professores num novo contexto".



O diretor ressaltou também que os avanços tecnológicos demandam mudanças no dia-a-dia da sala de aula. "É necessário aproximarmos, cada vez mais, a educação básica, da educação superior." Neste sentido, a Capes realizou em 2009, pela primeira vez, reunião conjunta dos conselhos técnico-científicos da Educação Superior (CTC-ES) e da Educação Básica (CTC-EB).



A mesa-redonda foi realizada dentro da programação da 62ª Reunião Anual da SBPC. O evento segue até sexta-feira, 30, no campus da UFRN. A Capes participa do evento com estande na EXPOT&C, onde é apresentado o Portal de Periódicos. Também está sendo realizado, durante a semana, o minicurso "Pesquisa bibliográfica: como usar o portal de mais de 22 mil periódicos da Capes".

(Assessoria de Imprensa da Capes)

Artigo de Washington Novaes sobre clima

JC e-mail 4064, de 30 de Julho de 2010.
23. A chave do clima nas mãos do Brasil, artigo de Washington Novaes

"Quem perder a corrida por energias renováveis comprometerá seu lugar na economia mundial"


Washington Novaes é jornalista. Artigo publicado em "O Estado de SP":



Por mais que se queira deixar de lado o tema, não se consegue. O agravamento quase diário dos "eventos climáticos extremos" e o impasse na área das negociações internacionais exigem que se volte à questão.



Vive-se um momento crítico, às vésperas de mais uma reunião preparatória (começo de abril, em Bonn, na Alemanha) da próxima assembleia da Convenção do Clima, esta programada para dezembro, no México. Cientistas de 27 países, que durante 15 meses se revezaram em expedições ao Ártico, informam que as previsões pessimistas para degelo até 2100 podem acontecer entre 2013 e 2030. A Organização Meteorológica Mundial avalia que os furacões, até o fim do século, serão menos frequentes, porém mais intensos (O Globo, 23/2). E o Sul-Sudeste e o Centro-Oeste brasileiros continuam às voltas com inundações frequentes, deslizamentos e mortes.



Mesmo com tudo isso, não se consegue avançar nas negociações. As comunicações feitas até o fim de janeiro à convenção pelos países, sobre suas metas (não compromissos) de redução de emissões, deixam claro que não se chegará à redução global mínima para impedir que a temperatura planetária suba mais do que 2 graus, o que terá consequências muito graves.



O embaixador chinês na convenção, Yu Qingtai, já deixou claro (Reuters, 25/2) que não será possível superar, este ano, as divergências entre os países industrializados, a China e os demais membros do bloco de emergentes (Índia, Brasil, África do Sul), juntando-se à opinião do secretário-geral da convenção, Yvo de Bôer, que, para complicar ainda mais as coisas, anunciou que em julho renunciará ao cargo e que não vê possibilidade de acordo antes de dois anos.



Quando se olha para os EUA, vê-se que o presidente Obama, para conseguir apoio do Congresso à sua política do clima, contraditoriamente assegura que permitirá mais explorações de petróleo e de gás no fundo do mar. E a Agência de Proteção Ambiental garante que ali só grandes fontes de emissões sofrerão limitações antes de 2013. As fontes menores, só em 2016.



Enquanto isso, avançam os prejuízos. As 3 mil maiores empresas do mundo geram custo de US$ 2,2 bilhões anuais com problemas ambientais, diz o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma). E o renomado consultor britânico para a área do clima Sir Nicholas Stern revê de novo seus cálculos e diz que enfrentar os problemas na área terá um custo anual de 2% do produto bruto mundial (US$ 1,2 trilhão), e não de 1%, como calculara.



Já a Agência Internacional de Energia (AIE) adverte que, sem acordo, as emissões de carbono tenderão a se elevar em 40% até 2030, porque a demanda por energia crescerá muito com a Índia tentando prover 400 milhões de pessoas que não têm energia - e fará isso recorrendo ao carvão -, enquanto a China urbanizará mais de 100 milhões de pessoas e ainda utilizará muito carvão. Com tudo isso, diz a AIE, a demanda mundial por petróleo continuará a subir (para 100 milhões de barris/dia) e o carvão passará de 42% para 44% do total.



Nessas condições, reacende-se a discussão que vem desde a Cúpula do Desenvolvimento Sustentável, em 2002, em Johannesburgo: como superar o problema, se a Convenção do Clima exige consenso para qualquer decisão e este parece inalcançável, com as divergências entre países industrializados, emergentes, G-77, países insulares e nações mais pobres?



Naquele momento, chegou-se a pensar na criação de uma Organização Mundial do Meio Ambiente, mas concluiu-se que ela enfrentaria os mesmos problemas da ONU. Agora, numa reunião em Bali, ministros de meio ambiente de 135 países decidiram (Reuters, 26/2) retomar esse tema e promover novos estudos, tomando como base o formato da Organização Mundial do Comércio (OMC).



Há quem pense que "só o mercado resolverá". Mas com que regras, que ninguém consegue explicitar, pois as divergências entre empresas não serão diferentes das que opõem países? Há quem creia num caminho baseado em acordos bilaterais ou multilaterais entre governos, mas o que se fará com as emissões dos que ficarem de fora? E ainda que se consigam acordos, como estendê-los a cada empresa e a cada pessoa? Se o caminho for a criação de uma taxa sobre as emissões de carbono, ela será paga no país da produção ou do consumo (os EUA consomem 35% da produção industrial chinesa e os países ricos detêm 80% do consumo total no mundo)?



Talvez a chave possa estar nas mãos do Brasil. Em 1997, quando se negociou o Protocolo de Kyoto, o Brasil apresentou proposta de que a contribuição de cada país para a redução de emissões deveria tomar por base suas emissões históricas e as emissões atuais. Considerados os dois números, verifica-se a que porcentagem dos gases poluentes acumulados na atmosfera (onde permanecem séculos) essas cifras correspondem.



Em seguida calcula-se em quanto essas emissões totais de um país respondem pelo aumento da temperatura planetária. Obtido esse número, ele deve ser transformado na porcentagem das emissões globais que caberá a cada país reduzir. Essa proposta brasileira foi aprovada, em princípio, com a recomendação de ser submetida a estudos mais aprofundados. Mas nada aconteceu desde então.



Mas pode ser o único caminho justo que leve todos os países a um acordo, porque cada um responderá pelo que fez e faz, proporcionalmente ao todo. E se poderá escapar ao poço sem fundo da discussão entre países industrializados e os demais, em que um lado argumenta com a responsabilidade de quem emitiu mais ao longo do tempo (industrializados) ou emite mais hoje (emergentes, principalmente). Mas, para avançar por esse caminho, o Brasil precisará superar a limitação que tem no âmbito da política externa, de manter em qualquer circunstância uma posição conjunta com o G-77 ou os outros emergentes.



Mas é uma oportunidade histórica e decisiva. Não se deve nem se pode perdê-la.

(O Estado de SP, 30/7)
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Dentre o material disponível, ao abrir a página clicar em livros e vídeos e escolher A ) O Univeso Mecânico -Conteúdo legal de Física para o EM em vídeo elaborado pela Caltech
B) Série Cosmos
c) Olhando para o céu

UNIVERSIDADE SÃO PAULO

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sexta-feira, 30 de julho de 2010

Videoteca - Instituto de Física

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Curso de Formação de Professores

Estão abertas as inscrições para o novo curso de Física Moderna e Contemporânea no Ensino Médio. Quem já fez um dos cursos, agora poderá optar por outro: RELATIVIDADE, LINHAS ESPECTRAIS ou PARTÍCULAS ELEMENTARES.

As inscrição se iniciarão no dia 06 de julho e encerrarão no dia 02 de agosto.

Divulguem o curso a seus colegas: há outras vagas disponíveis!

Inscrições e mais informações no site do LaPEF: http://www.lapef.fe.usp.br

fmccursoprof@gmail.com link para www.lapef.fe.usp.br

domingo, 25 de julho de 2010

A equação do futuro

A equação do futuro

A educação do amanhã substitui a padronização pela criatividade e troca o foco no currículo pela atenção ao aprendiz
24 de julho de 2010 | 15h 04
Flávia Tavares, de O Estado de S. Paulo

Evolução. No passado, aluno diferentes eram ensinados da mesma forma. Hoje, grande desafio é capitalizar a diversidade entre os estudantes
Ano após ano, o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) reprova o Brasil no quesito igualdade. O ranking das escolas com melhor desempenho reproduz o abismo da diferença entre a qualidade do ensino oferecido em instituições públicas e privadas. Assim, distancia ainda mais os alunos com a garantia de um futuro bem-sucedido nas universidades dos que engordarão a massa de trabalhadores com escolaridade limitada. O teste final que as avaliações da educação brasileira propõe é como resolver um problema antigo com soluções diferentes e inovadoras.
Para Andreas Schleicher, diretor de Programas de Análise e Indicadores em Educação da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) e responsável pelo Programa Internacional de Avaliação de Alunos (Pisa), os dados de verificações como o Enem podem sugerir alguns caminhos. Mas a resposta está mesmo na formulação de um novo modelo de educação, "menos centrado no currículo e mais no aprendiz". "Precisamos entender que a aprendizagem não é um lugar, é uma atividade. Sistemas educacionais precisam reconhecer que os indivíduos aprendem de formas diferentes", diz o físico alemão.
Em entrevista por e-mail, Schleicher defende que, quanto mais autonomia a escola e os professores tiverem, maior será sua interação com os alunos. Além disso, os educadores terão de reinventar suas ferramentas para formar jovens preparados para problemas que nem sequer surgiram ainda. "No passado, professores sabiam que o que eles ensinassem duraria por toda a vida do aluno. Nos dias de hoje, a escola precisa preparar os estudantes para profissões que não foram criadas e tecnologias que não foram inventadas." Schleicher faz ainda um alerta aos gestores de educação: "As nações que não têm bons fundamentos nunca pagaram um preço tão alto por essa deficiência".
Quais as razões para avaliarmos tanto os estudantes, com exames ao fim de cada nível de escolaridade? É para filtrar quem deve chegar ou não ao ensino superior?
O propósito das avaliações não é prioritariamente o de definir caminhos de entrada ou saída para os estudantes, mas sim o de identificar necessidades e melhorias no processo de ensino. Bons sistemas de avaliação reconhecem que um aprendizado de excelência abrange tanto o processo quanto seu conteúdo. O resultado dessas avaliações não produz apenas notas para as escolas, mas tenta fornecer uma compreensão abrangente sobre os estudantes e as estratégias conceituais que eles usam para resolver problemas.
O que mais se aproveita do resultado desses exames?
As verificações melhoram o aprendizado de alunos, professores, administradores de escolas e formuladores de políticas públicas. A partir delas, pode-se construir um quadro claro para atribuição de responsabilidades. Isso significa gerar informação que pode ser transformada em ação. Boas avaliações deixam professores mais conscientes de suas deficiências e isso normalmente resulta numa mudança de comportamento. Em vez de simplesmente selecionar e filtrar aqueles que parecem ser os alunos mais talentosos, escolas e professores competentes usam esses dados para distinguir os alunos extraordinários dos medianos, para estimular a capacidade individual.
Qual a importância desse estímulo?
É simples: as oportunidades para aqueles bem educados nunca foram tantas, mas também os indivíduos - e as nações - que não têm bons fundamentos nunca pagaram tão caro for essa deficiência. Na verdade, o preço econômico e social que as sociedades pagam por não educar bem a totalidade de suas crianças é muito mais alto do que seria o investimento na própria educação.
Números do Enem mostram que o Brasil ainda sustenta uma enorme diferença entre o ensino particular e o privado. Estamos investindo pouco em educação?
É importante analisar o contexto dos dados do Enem. Essa é outra lição que bons sistemas de avaliação nos dão: a comparação deve ser feita entre diferentes períodos da mesma escola, para se analisar quanto ela melhorou. O mesmo parâmetro é verdadeiro quando comparamos países. Não é possível comparar substancialmente países como Finlândia e Japão com o Brasil sem levar em conta o contexto socioeconômico. Na verdade, quando se considera esse pano de fundo, o Brasil está entre os mais bem-sucedidos em melhorar seu desempenho educacional e a igualdade. Sistemas educacionais sempre falam de igualdade e agora nós conseguimos medir seu sucesso nisso, na forma como as escolas conseguem moderar o impacto que o background social tem na educação.
O que países como Finlândia e Japão têm a nos ensinar?
Educação de alta qualidade existe em todo o mundo. Na América do Norte, o exemplo é o Canadá. Na Europa, a Finlândia. Na Ásia, temos Japão, Coreia do Sul e Cingapura. Eles são diferentes entre si, mas têm pontos em comum relevantes. Primeiramente, onde estudantes atuam num ambiente caracterizado pelas expectativas de um bom desempenho a relação com os professores melhora e o moral dos educadores aumenta. Muitos países mudaram suas prioridades, saindo do simples controle dos recursos e do currículo para um foco maior nos resultados do processo educacional. Isso tem direcionado esforços no sentido de uma articulação das expectativas que a sociedade tem e a tradução dessas expectativas em parâmetros e objetivos.
O que esses parâmetros determinam?
Eles ajudam a estabelecer conteúdos rigorosos e coerentes em todos os níveis de escolaridade; reduzem as diferenças de currículos entre esses níveis; diminuem a variação desses currículos de classe para classe; facilitam a coordenação de formuladores de políticas públicas; reduzem a desigualdade de currículos entre diferentes grupos socioeconômicos. Muitos sistemas somaram o desenvolvimento desses parâmetros a uma maior atribuição de responsabilidades à linha de frente do ensino, encorajando escolas a dar respostas assertivas aos problemas locais e ajudando escolas e professores a fazer isso de forma significativa.
Como dar essa autonomia a escolas e professores?
Parâmetros claros e específicos permitem acesso às melhores práticas profissionais nas escolas e ajuda os professores a expandir seu repertório de estratégias pedagógicas para personalizar o ensino para todos os alunos e adotar abordagens inovadoras. Os melhores sistemas educacionais do mundo escolhem as pessoas certas para se tornarem professores porque sabem que a qualidade de educação será proporcional à qualidade do corpo docente e porque a escolha errada desses profissionais pode resultar em 40 anos de ensino fraco. Países como a Finlândia e a Coreia do Sul recrutam seus professores entre os 10% dos que se formaram nos primeiros lugares.
E com relação às escolas?
Na maioria dos países exemplares as escolas se tornaram um ponto chave na reforma educacional, e elas são responsáveis pelos resultados que apresentam. Na Finlândia, por exemplo, o planejamento estratégico acontece em todos os níveis do sistema. Cada escola discute a visão nacional do assunto e, paralelamente, o que essa estratégia representam para ela. O mais impressionante nos ótimos resultados de países como Finlândia e Canadá não são apenas as altas médias de desempenho, mas o fato de eles conseguirem que todos os estudantes e as escolas alcancem essa média. A eventual intervenção e apoio nas escolas não é a aplicação de ideias pré-concebidas - ao contrário, trata-se de diagnosticar problemas em cada escola e desenvolver soluções personalizadas. Também se trata de garantir que as escolas que encaram os maiores desafios tenham acesso aos professores e diretores mais talentosos.
Ou seja, profissionais do ensino têm mais responsabilidades.
Exato. Em todos os países que se saíram bem no Pisa, é responsabilidade das escolas e dos professores se engajar na diversidade de interesses dos estudantes, em suas capacidades diferenciadas e em seus diversos contextos socioeconômicos, sem a alternativa de fazer o aluno repetir de ano ou se transferir para uma escola menos exigente - atalhos normalmente usados em países com desempenhos ruins, onde os diretores de escola e professores podem enganar a si próprios dizendo que fizeram a coisa certa, mas têm os alunos errados.
Como a tecnologia está transformando os antigos modelos de ensino?
Uma palavra-chave para o uso da tecnologia na educação costumava ser o aprendizado "interativo". Agora, ele precisa ser "participativo". E, embora a educação a distância seja uma peça importante da educação no futuro, o ensino permanecerá uma experiência humana. Nas gerações passadas, professores sabiam que o que eles ensinassem duraria por toda a vida do aluno. Hoje, a escola precisa preparar os estudantes para mudanças econômicas e sociais mais rápidas do que nunca, para profissões e tecnologias que não foram inventadas e problemas que ainda não sabemos se surgirão. Como podemos criar uma cultura de educação para a vida inteira e para todas as áreas da vida que atinja a todos? O dilema dos educadores é que as habilidades cognitivas rotineiras, aquelas fáceis de ensinar e de avaliar, são também as mais facilmente digitalizadas, automatizadas e terceirizadas. O sucesso em educação não é mais a reprodução de conteúdo e conhecimento, mas é a capacidade de aplicar esse conhecimento em situações inéditas.
Dê um exemplo.
A questão não é se o ensino da matemática deveria ser mais ou menos rigoroso. O desafio é garantir que a matemática não se restrinja a um mundo de equações e teoremas, mas se transforme numa linguagem que permita aos alunos descrever, estruturar e compreender o mundo. O caminho até esse ponto é desafiador.
Estamos nos preparando para esse desafio? Qual seria o modelo de ensino ideal para o século 21?
Num sistema educacional antigo e burocrático, professores eram deixados sozinhos nas classes com uma receita do que ensinar. O modelo moderno estabelecerá objetivos ambiciosos, será mais claro sobre o que os estudantes devem se tornar capazes de fazer, atribuirá responsabilidades e arregimentará professores com ferramentas para ensinar seus alunos individualmente. A educação do passado se resumia a um conhecimento despejado, a do futuro é um conhecimento gerado por professores e estudantes. No passado, alunos diferentes eram ensinados da mesma forma. Hoje, o desafio é incluir a diversidade no ensino. O objetivo do passado era a padronização. Agora, é a criatividade, a personalização das experiências. O passado era centrado no currículo, o futuro é no aprendiz. Nós também precisamos entender que a aprendizagem não é um lugar, é uma atividade. Sistemas educacionais precisam reconhecer que indivíduos aprendem de formas diferentes - inclusive, de formas diferentes ao longo de suas vidas.

Por um dia de felicidade

Por um dia de felicidade
Muitas escolas induzem os alunos a se preparar não para a vida, mas para comemorar a data em que saem os resultados dos exames vestibulares
24 de julho de 2010 | 15h 32

Quase 14 mil escolas privadas e públicas do País obtiveram média acima do equivalente a 5,0 no desempenho de seus alunos no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) de 2009. Apenas algumas dezenas alcançaram nota igual ou superior a 7,0, inferior, porém, a 7,5. Na maioria, escolas privadas e caras. Tidas como o caminho seguro do êxito em exames vestibulares, suas notas estão apenas ligeiramente acima da nota mínima para aprovação em escolas superiores de países desenvolvidos, que é 7,0. Um número imenso de escolas igualmente privadas nem chegou a essa média.
Há nas médias divulgadas indicações para a compreensão dos problemas do nosso ensino médio. A primeira delas é a da problemática tendência de muitas escolas de se reduzirem à pobreza pedagógica de induzir crianças e adolescentes a passarem os melhores anos de suas vidas preparando-se para fazer o vestibular para o ensino superior. Em vez de se devotarem à preparação de seus alunos para a vida e para serem felizes, que é o que dá sentido à educação e à socialização dos imaturos, dedicam-se prioritariamente a prepará-los para um único dia de felicidade, o da divulgação dos resultados dos exames vestibulares. Inseguros quanto ao futuro dos filhos, os pais tornam-se cúmplices dessa deformação. Muitos desses alunos chegarão à universidade, até com as melhores notas de ingresso, mas não saberão nem o que fazer nela nem o que fazer com ela.
Nem se pode dizer que o melancólico êxito nessas médias mais altas expresse a apropriada formação de quem as obtém. Ficou evidente que escolas que preparam seus alunos para a reflexão criativa e para a competência interpretativa, que se mede no desempenho em redação e interpretação de textos, têm menos visibilidade na avaliação oficial. De certo modo, as notas escondem um desencontro entre ensino predominantemente de formação e ensino predominantemente de informação.
Matéria publicada em caderno especial deste jornal, aliás, mostra que as escolas da capital de São Paulo cujos alunos tiveram melhor desempenho são apenas 12% melhores do que as de desempenho menor, enquanto o preço das mensalidades é 254% maior. Os dados do Enem revelam que pagar mais não significa comprar melhor, até porque, em educação, comprar é pura ilusão.
Nem por isso ficam as escolas públicas justificadas no desempenho menor nessa avaliação nacional. Certamente, as escolas caríssimas, porque apresentam desempenho inferior ao que delas se espera, não servem de parâmetro para medir o que deveria ser a escola pública. A escola pública, entre nós, deveria ser o instrumento de uma revolução na educação, que nos trouxesse para os requisitos educacionais da sociedade moderna e seus valores referenciais, como a democracia, a liberdade, o conhecimento amplo e denso, a responsabilidade social de cada um.
Há fatores extraescolares nos resultados das diferentes escolas. O que nelas se consegue está também relacionado com o modo de vida da família do estudante. Escolas com melhor desempenho têm majoritariamente alunos de alta classe média, cujos pais são usuários dos equipamentos culturais disponíveis nos seus respectivos ambientes. Atividades complementares às da sala de aula, no acesso aos equipamentos culturais externos à escola, como museus, teatros, salas de concertos, excursões investigativas, poderiam dar ao estudante um apoio compensatório até melhor do que obtêm na própria família os alunos mais bem situados socialmente. O professor e o aluno de escolas públicas teriam que deixar de ser prisioneiros da sala de aula. Outra verificação recente mostra, ainda, que escolas de bom desempenho estão situadas em municípios menores, onde ainda há uma cultura comunitária, muito mais apreço pelo professor e maior integração entre a família e a escola. O que assegura a boa formação escolar é, pois, também o tradicionalismo de um mundo em que ainda são comunitários, e afetivos, os valores de referência da educação.
JOSÉ DE SOUZA MARTINS É PROFESSOR EMÉRITO DA FACULDADE DE FILOSOFIA, LETRAS E CIÊNCIAS HUMANAS DA USP E AUTOR, ENTRE OUTROS LIVROS, DE A APARIÇÃO DO DEMÔNIO NA FÁBRICA (EDITORA 34)

A IMPORTÂNCIA DA LEITURA

11/7/2006
A prática da leitura se faz presente em nossas vidas desde o momento em que começamos a "compreender" o mundo à nossa volta. No constante desejo de decifrar e interpretar o sentido das coisas que nos cercam, de perceber o mundo sob diversas perspectivas, de relacionar a realidade ficcional com a que vivemos, no contato com um livro, enfim, em todos estes casos estamos, de certa forma, lendo - embora, muitas vezes, não nos demos conta.
A atividade de leitura não corresponde a uma simples decodificação de símbolos, mas significa, de fato, interpretar e compreender o que se lê. Segundo Angela Kleiman, a leitura precisa permitir que o leitor apreenda o sentido do texto, não podendo transformar-se em mera decifração de signos linguísticos sem a compreensão semântica dos mesmos.
Nesse processamento do texto, tornam-se imprescindíveis também alguns conhecimentos prévios do leitor: os linguísticos, que correspondem ao vocabulário e regras da língua e seu uso; os textuais, que englobam o conjunto de noções e conceitos sobre o texto; e os de mundo, que correspondem ao acervo pessoal do leitor. Numa leitura satisfatória, ou seja, na qual a compreensão do que se lê é alcançada, esses diversos tipos de conhecimento estão em interação. Logo, percebemos que a leitura é um processo interativo.
Quando citamos a necessidade do conhecimento prévio de mundo para a compreensão da leitura, podemos inferir o caráter subjetivo que essa atividade assume. Conforme afirma Leonardo Boff,
cada um lê com os olhos que tem. E interpreta onde os pés pisam. Todo ponto de vista é a vista de um ponto. Para entender o que alguém lê, é necessário saber como são seus olhos e qual é a sua visão de mundo. Isto faz da leitura sempre um releitura. [...] Sendo assim, fica evidente que cada leitor é co-autor.
A partir daí, podemos começar a refletir sobre o relacionamento leitor-texto. Já dissemos que ler é, acima de tudo, compreender. Para que isso aconteça, além dos já referidos processamento cognitivo da leitura e conhecimentos prévios necessários a ela, é preciso que o leitor esteja comprometido com sua leitura. Ele precisa manter um posicionamento crítico sobre o que lê, não apenas passivo. Quando atende a essa necessidade, o leitor se projeta no texto, levando para dentro dele toda sua vivência pessoal, com suas emoções, expectativas, seus preconceitos etc. É por isso que consegue ser tocado pela leitura.
Assim, o leitor mergulha no texto e se confunde com ele, em busca de seu sentido. Isso é o que afirma Roland Barthes, quando compara o leitor a uma aranha:
[...] o texto se faz, se trabalha através de um entrelaçamento perpétuo; perdido neste tecido - nessa textura -, o sujeito se desfaz nele, qual uma aranha que se dissolve ela mesma nas secreções construtivas de sua teia.
Dessa forma, o único limite para a amplidão da leitura é a imaginação do leitor; é ele mesmo quem constrói as imagens acerca do que está lendo. Por isso ela se revela como uma atividade extremamente frutífera e prazerosa. Por meio dela, além de adquirirmos mais conhecimentos e cultura - o que nos fornece maior capacidade de diálogo e nos prepara melhor para atingir às necessidades de um mercado de trabalho exigente -, experimentamos novas experiências, ao conhecermos mais do mundo em que vivemos e também sobre nós mesmos, já que ela nos leva à reflexão.
E refletir, sabemos, é o que permite ao homem abrir as portas de sua percepção. Quando movido por curiosidade, pelo desejo de crescer, o homem se renova constantemente, tornando-se cada dia mais apto a estar no mundo, capaz de compreender até as entrelinhas daquilo que ouve e vê, do sistema em que está inserido. Assim, tem ampliada sua visão de mundo e seu horizonte de expectativas.
Desse modo, a leitura se configura como um poderoso e essencial instrumento libertário para a sobrevivência do homem.
Há entretanto, uma condição para que a leitura seja de fato prazerosa e válida: o desejo do leitor. Como afirma Daniel Pennac, "o verbo ler não suporta o imperativo". Quando transformada em obrigação, a leitura se resume a simples enfado. Para suscitar esse desejo e garantir o prazer da leitura, Pennac prescreve alguns direitos do leitor, como o de escolher o que quer ler, o de reler, o de ler em qualquer lugar, ou, até mesmo, o de não ler. Respeitados esses direitos, o leitor, da mesma forma, passa a respeitar e valorizar a leitura. Está criado, então, um vínculo indissociável. A leitura passa a ser um imã que atrai e prende o leitor, numa relação de amor da qual ele, por sua vez, não deseja desprender-se.
Maria Carolina
Professora de Língua Portuguesa e Redação do Ensino Médio e Normal
Link para http://www.sampaonline.com.br

Site para obter informações para lazer nos fins de semana
link para http://www.chesscube.com
E para não dizer que não falei de flores , este é para relaxar para quem gosta de jogar xadrez.É gratuito e basta fazer o cadastro.Jogo on-line
Bom jogo
link para http://if.usp.br/gref/
link para http://ciencia.hsw.uol.com.br

sábado, 24 de julho de 2010

link para www.veja.com.br/acervodigital/home.aspx
link para www.futuro.usp.br
link para portal.mec.gov.br/tvescola

Astronomia e Astrofisica

Olá colegas

Tem material interessante no site abaixo da Divisão de Astrofísica DAS do INPE.

http://www.das.inpe.br/curso

1)Ao entrar no site no menu do lado esquerdo clique "programa do curso "

2)Na nova janela no menu cique "Material do curso "


Legal também é o blog http://astrofisicos.blogspot.com

abç
Mordechaj(Marcos)link para www.das.inpe.br/curso

CURSO NO INPE

Astronomia em Serra Negra

Notícias Sábado, 24 de julho de 2010

JC e-mail 4059, de 23 de Julho de 2010.
21. Cidade no Rio vira alvo de caçador de meteorito

Queda de rocha extraterrestre em Varre-Sai há cerca de um mês gera interesse de cientistas e de pessoas que querem lucrar com a descoberta
A pequena cidade de Varre-Sai, a 375 quilômetros do Rio, tornou-se destino de um tipo diferente de turistas , os caçadores de meteoritos.
Eles estão à procura de fragmentos de um objeto que caiu no município há um mês. Há duas semanas, um casal de bolivianos foi preso, no Aeroporto Internacional do Rio de Janeiro, com três pedaços do meteorito. O prefeito Everardo Ferreira (PP) oferece bicicletas de recompensa aos estudantes que recuperarem partes da pedra.
"Queremos incentivar os alunos para que estudem a região, vivenciem esse achado tão importante para a cidade. Queremos também que o meteorito fique em Varre-Sai", afirmou Ferreira, que pretende criar um museu astronômico como forma de fomentar o turismo na região.
Varre-Sai entrou para a rota do comércio de meteoritos na noite de 19 de junho, quando o agricultor Germano da Silva Oliveira, de 62 anos, viu um rastro vermelho no céu e uma explosão. No dia seguinte, ele caminhou até um campo de plantação de mandioca e encontrou uma pedra acinzentada, com 600 gramas e 12 centímetros.
Levou para professores de uma escola municipal. Deu sorte. A professora Filomena Ridolphi, cadastrada na Olimpíada Brasileira de Astronomia, reconheceu a relevância do material.
O físico Marcelo de Oliveira Souza, professor da Universidade Estadual do Norte Fluminense e coordenador do Clube de Astronomia Louis Cruls, explica que há poucos registros de quedas de meteoro.
"O resgate é mais raro ainda. Os relatos de Oliveira são importantíssimos para entendermos a trajetória, como chegou à atmosfera. Cada meteorito pode trazer informações novas sobre a formação do Sistema Solar. Ficou milhões de anos vagando pelo universo", afirma. O último registro de meteoro a cair no Rio com posterior resgate é de 1869.
Souza e um grupo de pesquisadores também vasculharam a região, mas nada encontraram. Estima-se que haja um pedaço gigante, de cerca de 20 quilos. "Há um comércio mundial de meteorito. Alguns têm interesses científicos, outros compram apenas para especular", diz ele. Uma rocha como a que Oliveira encontrou valeria até R$ 18 mil e a rocha de 20 quilos, R$ 1 milhão.

(Clarissa Thomé)

(O Estado de SP, 23/7)
JC e-mail 4059, de 23 de Julho de 2010.
27. "Ciência Hoje On-line": Para ler e entender estrelas

Crônicas sobre física e astronomia permitem ao leitor saber mais sobre as perguntas que a ciência já respondeu. Elas estão no livro 'A busca pela compreensão cósmica', de nosso colunista, o físico Adilson de Oliveira


Entender estrelas costuma ser motivação tanto para cientistas quanto para poetas. O físico Adilson de Oliveira recorre a versos de Olavo Bilac para introduzir um capítulo sobre o assunto: "Pois só quem ama pode ter ouvido/ capaz de ouvir e de entender estrelas".



Pensando em tornar acessível ao público leigo não só o que se sabe sobre as estrelas, mas também sobre o cosmos e outros temas da física e da astronomia, Oliveira escreveu o livro A busca pela compreensão cósmica. A obra é uma compilação de crônicas escritas pelo autor ao longo dos últimos anos para a internet.





Leia a resenha completa na CH On-line, que tem conteúdo exclusivo atualizado diariamente: http://cienciahoje.uol.com.br/resenhas/para-ler-e-entender-estrelas

Curso de Capacitação de Física