quinta-feira, 8 de março de 2012

Brasil entra no foco dos raios cósmicos

País se prepara para receber conferência em 2013, onde pesquisadores nacionais terão a oportunidade de discutir e expor seus trabalhos para colegas de vários países.
Todo mundo só fala em Copa do Mundo e Olimpíada, mas nem só de esporte vive o Brasil. O Rio de Janeiro sediará em julho do ano que vem a 33ª Conferência Internacional de Raios Cósmicos, importante evento da União Internacional de Física Pura e Aplicada (IUPAP, na sigla inglesa). Realizado a cada dois anos sob os auspícios da C4 (Comissão sobre Raios Cósmicos), ele irá reunir em sua próxima edição cerca de 1.500 especialistas de várias partes do mundo, para discutir o futuro das pesquisas com radiações de origem cósmica.


Toda a organização da conferência estará a cargo da equipe brasileira, composta por pesquisadores de excelente reputação no exterior. "Isso dará uma boa exposição dos cientistas brasileiros atuando na área", afirma Ronald Cintra Shellard, vice-presidente da Sociedade Brasileira de Física (SBF) e membro brasileiro da C4. Ele chefiará a conferência realizada no Brasil.


Os raios cósmicos são partículas com muita energia e que bombardeiam constantemente o planeta Terra. Seu estudo permite uma visão mais íntima da natureza das partículas, bem como a formação e evolução do Universo. Devido à complexidade e ao valor gasto na realização de experimentos, o estudo dos raios cósmicos tem demandado competências de vários países, trabalhando de forma conjunta e colaborativa.


Aliás, atualmente, um dos assuntos mais discutidos na comissão sobre raios cósmicos é a mudança do seu próprio nome, pois as ações dela têm abrangido não apenas os chamados raios cósmicos, mas também os raios gama de alta energia (compostos pelas mesmas partículas da luz comum, mas com energia muito acima da luz visível), neutrinos de origem extraterrestre e até mesmo a matéria escura, um dos grandes mistérios da Física atual. Discute-se a mudança do nome para "Comissão de Astropartículas", mas a definição terá de passar pela Assembleia Geral da IUPAP para poder entrar em vigor.


A comunidade de físicos brasileiros na IUPAP tem um perfil jovem, quando se compara às de outros países. Não na idade de seus membros, mas em sua tradição (são cerca de 70 anos apenas) e no vanguardismo de seus cientistas, que têm apontado visões variadas sobre os grandes temas discutidos nessa e em outras comissões.



Segundo Shellard, a comunidade de Física brasileira já tem um amadurecimento que permite contribuir para o debate dos grandes temas que afetam o futuro da Física como disciplina de inquirição intelectual. "O que nos falta ainda é autoconfiança, mas que virá com a experiência dos debates nestes fóruns", diz o físico. Shellard é um dos 11 brasileiros escolhidos como membros de comissões da IUPAP.
JC e-mail 4451, de 08 de Março de 2012.
(Ascom da SBF)

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