domingo, 18 de março de 2012

Olimpíada Brasileira de Física 2012

Abertas as inscrições  da OBF 2012 .


Informações -regulamentos  ...

http:www.obf.org.br

Coordenação  Olimpíada brasileira de Física -SP
Instituto de Física  de São Carlos -USP
Prof. Dr. Euclydes Marega Junior

obfisica@ifsc.usp.br

http://olimpiada.ifsc.usp.br/ 
http://olimpiada.ifsc.usp.br/

Special & General Relativity Questions and Answers

 Perguntas e Respostas da Teoria da Relatividade

site traduzido e o original


http://translate.google.com.br/translate?hl=pt-BR&langpair=en%7Cpt&u=http://einstein.stanford.edu/content/relativity/qanda.html


http://einstein.stanford.edu/content/relativity/qanda.html

O que é esta Força que chamamos de Gravidade ?

http://translate.googleusercontent.com/translate_c?hl=pt-BR&langpair=en%7Cpt&rurl=translate.google.com&twu=1&u=http://www.astronomycafe.net/gravity/gravity.html&usg=ALkJrhgDVaOPPfTydMcxhDIkfdrkpxG-3g


http://www.astronomycafe.net/

vídeo de lançamento e chegada do shuttle- ônibus espacial columbia

Boa viagem!!

http://io9.com/5893615/absolutely-mindblowing-video-shot-from-the-space-shuttle-during-launch
http://io9.com/5893615/absolutely-mindblowing-video-shot-from-the-space-shuttle-during-launch

quinta-feira, 15 de março de 2012

II Simpósio Nacional de Educação em Astronomia



       Será realizado no   Instituto de Física, Universidade de São Paulo, São Paulo (SP)
no período de  24 a 27 de Julho de 2012  )   o  II Simpósio Nacional de Educação em Astronomia (II SNEA).

Inscrições e informações no site abaixo 
 
http://snea.if.usp.br

Asteroide próximo à Terra em 2013

Astrônomos descobrem asteroide que passará próximo à Terra em 2013

Uma equipe de astrônomos descobriu que um asteroide de 50 metros de diâmetro passará muito próximo à Terra em 2013, mas não deverá trazer nenhuma ameaça ao planeta, informou nesta quinta-feira (15) a Agência Espacial Europeia (ESA).

Mais no site  abaixo

http://noticias.uol.com.br/ultnot/cienciaesaude/ultimas-noticias/efe/2012/03/15/astronomos-descobrem-asteroide-que-passara-proximo-a-terra-em-2013.jhtm

quarta-feira, 14 de março de 2012

SITE LEGAL

SEARA DA CIÊNCIA


http://seara.ufc.br/index.htm

Polêmica do clima chega à sala de aula

Depois de anos em que a teoria da evolução foi um dos temas mais polêmicos da educação científica, a mudança climática se tornou a nova batalha nas escolas dos Estados Unidos.

A briga pode piorar em abril, quando várias instituições nacionais divulgarão a proposta para os novos padrões de ensino científico que incluem instruções detalhadas sobre a mudança do clima. Entre os grupos que estão preparando as instruções está o Conselho Nacional de Pesquisa, parte da National Academies, um órgão criado pelo Congresso americano.


O conselho está finalizando um documento iniciado ano passado que diz que a mudança climática é causada parcialmente pelas ações do homem, como a queima de combustíveis fósseis. O documento afirma que a elevação da temperatura mundial pode ter "consequências graves" para o planeta.


A maioria dos cientistas que estudam o clima aceita essa ideia. Mas ela ainda é debatida por alguns cientistas, o que alimenta o conflito entre pais e professores. Os mais céticos dizem que os alunos só estão conhecendo um lado da história. "Acho que no momento não há evidência que justifique tanto alarme", disse Richard Lindzen, professor de meteorologia do Instituto de Tecnologia de Massachusetts e um dos maiores críticos das teorias sobre a mudança do clima.


Os pais dos dois lados do debate são muito sensíveis a possíveis problemas na sala de aula. Kimberly Danforth, de 50 anos, disse ter se queixado ao assessor de ciência da escola da filha, quando ficou sabendo que o professor da oitava série fingiu que ia vomitar enquanto falava da mudança do clima. O professor explicou que estava fazendo o papel de advogado do diabo e na verdade acredita nas teorias da mudança climática.

(Valor Econômico)

terça-feira, 13 de março de 2012

sites interessantes

http://www.cbpf.br/~caruso/tirinhas/tirinhas_menu/por_assunto/por_assunto.htm

http://portaldoprofessor.mec.gov.br/index.html


http://portal.mec.gov.br/

Brasileiros desconhecem a Rio+20. Por quê?

Artigo de Paulo Itacarambi, vice-presidente do Instituto Ethos, publicado no Correio Braziliense dia 13-03-2012


Pesquisa realizada neste início de ano por uma parceria entre a empresa Market Analysis e a ONG Vitae Civilis mostrou que apenas 11,5% dos brasileiros têm alguma informação a respeito da Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20, que vai ocorrer no Rio entre os dias 14 e 22 de junho deste ano.


A pesquisa foi realizada por telefone, em nove capitais, com 806 pessoas de 18 a 69 anos de idade. Dos entrevistados, 4% pertencem à classe A, 29% à B, 49% à C e 18% às classes D e E. Entre todos, apenas 4,4% ouviram "muito" sobre a Rio+20, enquanto 7,1% disseram ter ouvido "alguma coisa". Dos 11,5% que conhecem a Rio+20, 73% se interessam pelos assuntos relacionados ao evento. Os mais mencionados foram desenvolvimento sustentável, economia verde, combate à violência, combate ao tráfico de drogas, Copa de 2014, erradicação da pobreza, meio ambiente (geral) e combate à poluição.

O Rio de Janeiro, onde será realizada a conferência, é a cidade do País em que a população tem mais conhecimento a respeito: 24%. Por que tão pouca gente está interessada na Rio+20?


Na minha opinião, as discussões ocorridas até agora têm focado apenas nas negociações, sem se preocupar em esclarecer a sociedade sobre as mudanças que o evento poderá trazer ao mercado e à vida das pessoas. A mídia também passa ao largo do debate e não provoca os órgãos e entidades envolvidos a dar esses esclarecimentos para, com isso, aumentar o interesse da população e, em consequência, a relevância da conferência para os diversos segmentos da sociedade.


Quais podem ser os impactos da Rio+20? São muitos e requerem profunda reflexão. Por isso, a Conferência Ethos 2012 vai discutir "A empresa e a nova economia - o que muda com a Rio+20", entre os dias 11 e 13 de junho, em São Paulo. Serão analisados em profundidade os temas que vão ser objetos de negociação na Rio+20.


As discussões vão desenhar cenários para verificar o impacto do que poderá ser decidido - e também do que não for decidido - no mercado e na vida das pessoas. Haverá também o aprofundamento das reflexões sobre os temas estruturantes da nova economia e o aperfeiçoamento das propostas de mecanismos que ajudem a internalizar as premissas do desenvolvimento sustentável na economia e na política.


Vamos construir um cenário com duas das propostas em discussão. Suponhamos que a Rio+20 aprove a orientação já estabelecida em seu "rascunho zero" oficial (documento que está orientando as discussões da conferência) de "eliminar gradualmente subsídios que exerçam efeitos negativos sobre o meio ambiente". Uma das consequências dessa decisão seria, por exemplo, políticas econômicas totalmente reformuladas, levando em conta os critérios decididos na Rio+20.



No caso brasileiro, o governo não poderia reduzir o IPI dos carros e da linha branca sem exigir contrapartidas que diferenciassem produtos poluentes de não poluentes. E a indústria, para se beneficiar de isenções e outros incentivos fiscais, precisaria investir numa produção mais verde. O cidadão teria à disposição, por exemplo, carros menos poluentes e geladeiras mais eficientes em consumo de energia, a preços menores.


Se a Rio+20 resolvesse se apresentar como a saída para a crise, então poderíamos imaginar uma transformação radical nos negócios e no nosso modo de vida, pois as premissas do desenvolvimento sustentável norteariam as decisões dos governos e das empresas.


Um dos aspectos mais cruéis do nosso modelo insustentável de civilização é a crise financeira atual, que aumenta a cada nova onda e vai levando consigo a confiança no mercado e nas instituições democráticas, os valores que norteiam as relações humanas e os recursos materiais e naturais das sociedades e do planeta.

Departamento de Física da PUC-Rio abre vaga para especialista técnico

O Departamento de Física do Centro Técnico Científico da PUC-Rio (CTC/PUC-Rio) acaba de abrir as inscrições para o processo seletivo para a contratação de Especialista Técnico com formação em Física ou Engenharia Eletrônica.

Os candidatos devem possuir experiência com programação em Labview (software utilizado para controle de equipamentos e sistemas de medição) e domínio na utilização de instrumentos de bancada (osciloscópios, multímetros, fontes de potência etc.).

Os interessados devem enviar o currículo para o e-mail pgonzalez@puc-rio.br, com "Especialista Técnico" no campo Assunto. Mais informações pelo telefone (21) 35271006 (Marcela/Patrícia).
(Ascom do CTC/PUC-Rio)

segunda-feira, 12 de março de 2012

Biblioteca Digital Memória da Cnen: acesso livre na internet

Biblioteca abrange todos os tipos de documentos produzidos desde a década de 50, como artigos de periódicos e conferências, teses e dissertações, relatórios e normas técnicas.

A Comissão Nacional de Energia Nuclear (Cnen) desenvolveu e disponibilizou na internet a "Biblioteca Digital Memória da Cnen", que reúne a literatura produzida por seus servidores, tanto na área nuclear como fora dela, com foco na preservação do conhecimento institucional. O mecanismo de busca de conteúdo do site permite ao internauta encontrar textos de autores ou assuntos específicos.


O site começou a ser produzido há alguns anos e vem sendo continuamente ampliado e aprimorado. Inicialmente, foi disponibilizado apenas internamente para permitir ajustes necessários. Nesta semana, foi liberado para acesso público no endereço http://memoria.cnen.gov.br. Além das publicações dos servidores, há várias outras informações disponibilizadas. Entre elas, uma cronologia dos principais acontecimentos da energia nuclear, no Brasil e no mundo, o que permite situar a instituição, seu desenvolvimento e suas atividades no contexto histórico.

 O site inclui ainda a legislação do setor nuclear. Leis, decretos, portarias, normas, outros atos legais e demais documentos podem ser pesquisados em sistema de busca próprio. A legislação está classificada por ano de publicação, número do ato legal, assunto, entre outros critérios.


Uma área destinada a informações organizacionais da Cnen traz o perfil da instituição e de suas principais unidades. Os presidentes, tanto o atual, como os que o antecederam, são apresentados com fotografia e breve currículo. Relatórios anuais com informações detalhadas das atividades desenvolvidas estão publicados, abrangendo desde a criação da Comissão, em 1956, até o ano de 2010. Também estão relacionados os diferentes órgãos do Governo Federal aos quais a Cnen já esteve subordinada e as composições de sua Comissão Deliberativa ao longo dos anos.


A Biblioteca, além de contribuir para a preservação do conhecimento institucional, tem também importância para a história da Ciência e Tecnologia do País, na medida em que documenta parte relevante do desenvolvimento da energia nuclear no Brasil.

(Ascom da Cnen)

CURSO DE ASTRONOMIA SEMI PRESENCIAL

DIVULGAÇÃO

Duração: 7,5 meses (29 semanas, de meados de abril a novembro) A carga horária total é 208 horas
Inscrições devem ocorrer na primeira semana de abril de 2012 (serão abertas 300 vagas).
O curso é gratuito.
Documentos necessários : RG, CPF, Diploma de Ensino Superior, Comprovante de docência.
Maiores informações estarão disponíveis a partir de meados de março em: http://each.uspnet.usp.br/site/extensao-especializacao.php (email: ccex-each@usp.br)
Alguns horários de chat previstos: Seg 14hs; Seg 21:30hs; Ter 9hs; Ter 20hs, Ter 21hs; Qua 17hs; Qua 20hs; Qua 20:30hs; Sex 20hs. (O aluno deverá acessar o chat sempre no mesmo horário, semanalmente).

domingo, 11 de março de 2012

Projeto 'Ciência às Seis e Meia'

Divulgação

O projeto 'Ciência às Seis e Meia' é um ciclo de palestras promovido pela Secretaria Regional da SBPC do Rio de Janeiro, em parceria com o CBPF, que oferece apresentações de divulgação científica ao público leigo. O evento é dirigido a todos que apreciam as ciências, têm interesse de conhecer as questões e os avanços científicos atuais e aos curiosos sobre o mundo em que vivemos.


As palestras ocorrem sempre na primeira quarta-feira do mês às 18h30, com entrada franca. As apresentações também são transmitidas em tempo real pelo site: http://itv.cbpf.br/ciencia_seis_e_meia. Não é necessário software específico, basta usar o navegador.


Mais informações no site: http://www.sbpcrj.org.br/projetosCienciaSeisMeia.shtml.



(Secretaria Regional SPBC/RJ)

TELECURSO -TEORIA DA RELATIVIDADE

http://www.youtube.com/watch?v=8PJ2hhGo6X0    

Pós-Fukushima, artigo de Yukiya Amano

JORNAL DA CIÊNCIA 09-03-2012


Yukiya Amano é diretor-geral da Agência Internacional de Energia Atômica. Artigo publicado no Valor Econômico de hoje (9).

A energia nuclear tornou-se mais segura desde o acidente devastador, um ano atrás, em Fukushima, no Japão. Essa forma de energia vai se tornar ainda mais segura nos próximos anos, desde que governos, agências regulamentadoras e operadores de usinas não baixem a guarda.


O acidente em Fukushima resultou de um terremoto e tsunami de gravidade sem precedentes. Mas, como reconheceram as autoridades japonesas, falhas humanas e organizacionais também desempenharam um papel importante.


Por exemplo, a autoridade regulamentadora nuclear japonesa não tinha independência suficiente e a supervisão a que era submetida a TEPCO, operadora da usina, era insuficiente. No local ocupado pela usina de Fukushima, o fornecimento emergencial de energia, essencial para a manutenção das funções vitais de segurança, como o esfriamento dos reatores e das barras de combustível irradiadas, não foi devidamente protegido. O treinamento para reagir a acidentes graves era inadequado. Faltou capacidade de reação emergencial no local e em nível nacional.


Será difícil o mundo alcançar o duplo objetivo de assegurar o suprimento sustentável de energia e a redução da emissão de gases que provocam o efeito estufa, a menos que a energia nuclear continue fazer parte importante da matriz energética mundial


Falhas humanas e organizacionais não são exclusivas ao Japão. Fukushima foi um alerta a todos os países que usam energia nuclear. O acidente provocou um sério exame de consciência e o reconhecimento de que a segurança nunca pode ser tida como certa, em parte alguma. As principais causas do acidente foram identificadas.


Com efeito, governos, agências regulamentadoras e operadoras de usinas ao redor do mundo começaram a aprender as lições certas. Um ano de ação internacional de segurança nuclear está sendo implementado. Por isso, a probabilidade de outro desastre na escala de Fukushima foi reduzida.


O que, exatamente, mudou? Talvez o mais importante, as hipóteses de pior cenário no planejamento de segurança foram radicalmente revistas. Em Fukushima, os reatores resistiram a um terremoto de magnitude 9 - muito mais violento do que sua tolerância projetada. Mas a usina não foi projetada para resistir a ondas de 14 metros de altura, do tsunami que varreu sua muralha protetora menos de uma hora depois.


Na esteira do acidente em Fukushima, as defesas contra vários desastres naturais, entre eles terremotos e tsunamis, estão sendo reforçados em instalações nucleares em todo o mundo. Medidas estão sendo tomadas para melhorar as precauções para enfrentar falta de energia prolongada, proteger as fontes de energia emergenciais e garantir a disponibilidade de água para refrigeração, mesmo sob condições de acidente grave.


Os padrões de segurança nuclear adotados em todo o mundo estão sendo revistos. A capacitação nacional e internacional de reação a emergências estão sendo atualizadas. Operadores e agências regulamentadoras nacionais estão sendo submetidas a crivo mais rigoroso. Países estão abrindo suas usinas as mais numerosas - e mais completas - verificações internacionais de segurança.


Apesar do acidente, o uso mundial da energia nuclear tende a crescer continuamente nos próximos 20 anos, embora a um ritmo mais lento do que previsto anteriormente. As razões para isso não mudaram: a crescente demanda por energia, juntamente com preocupações sobre as alterações climáticas, volatilidade dos preços dos combustíveis fósseis e segurança do suprimento energético. Será difícil o mundo alcançar o duplo objetivo de assegurar o suprimento sustentável de energia e a redução da emissão de gases que provocam o efeito estufa, a menos que a energia nuclear continue fazer parte importante da matriz energética mundial.


A Agência Internacional de Energia Atômica acredita que até 2030 pelo menos 90 novos reatores nucleares venham se somar aos 437 atualmente em operação em todo o mundo. Embora alguns países tenham abandonado ou reduzido seus planos envolvendo a energia nuclear após o desastre em Fukushima, importantes usuários da energia nuclear, como China, Índia e Rússia, estão seguindo em frente com ambiciosos planos de expansão. Muitos outros países, principalmente no mundo em desenvolvimento, estão considerando a adoção da energia nuclear.


A segurança nuclear é da mais extrema importância, tanto para usuários já estabelecidos como recém-chegados. Isso é importante para os países que decidiram desativar gradualmente suas usinas nucleares porque elas continuarão operando durante décadas, terão de ser desativadas e seus resíduos nucleares deverão ser armazenados de forma segura. E isso é importante para países firmemente opostos à energia nuclear, pois muitos têm vizinhos que operam usinas nucleares.


Os países que planejam novos programas de uso da energia nuclear devem reconhecer que alcançar seus objetivos é um empreendimento que envolve dificuldades de longo prazo. Eles precisam investir tempo e dinheiro no treinamento de cientistas e engenheiros estabelecendo agências regulamentadoras efetivamente independentes e bem financiadas, e implementando a infraestrutura técnica. Alguns países ainda são deficientes nesse aspecto.


No entanto, ao contrário da percepção popular, a energia nuclear tem bom histórico de segurança. Novos reatores que estão sendo construídos incorporam características de segurança significativamente melhoradas, tanto ativas como passivas, em comparação com a geração dos reatores de Fukushima. Mas, para recuperar e manter a confiança pública, governos, agências regulamentadoras e operadoras devem ser transparentes quanto aos benefícios e riscos da energia nuclear - e honestos quando as coisas dão errado.


O fato de que um acidente como o de Fukushima foi possível no Japão, um dos países industrializados mais avançados no mundo, é um lembrete de que, quando se trata de segurança nuclear, nada pode ser tido como garantido. Complacência pode ser fatal. As melhorias de segurança observadas nos últimos 12 meses são apenas um começo. Não podemos voltar a tocar as coisas como habitualmente, à medida que Fukushima se distancia na memória. (Tradução de Sergio Blum)

É preciso correr, adverte a ciência

Artigo do jornalista Washington Novaes publicado no jornal O Estado de São Paulo  9 de março de 2012

Deveria ser leitura obrigatória para todos os governantes, de todos os níveis, todos os lugares, o documento de 22 páginas entregue no último dia 20 de fevereiro, em Nairóbi, no Quênia, aos ministros reunidos pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente, escrito e assinado por 20 dos mais destacados cientistas que já receberam o Prêmio Blue Planet, também chamado de Prêmio Nobel do Meio Ambiente. Entre eles estão a ex-primeira-ministra norueguesa, Gro Brundtland, coordenadora do primeiro relatório da ONU sobre desenvolvimento sustentável; James Lovelock, autor da "Teoria Gaia"; o professor José Goldemberg, ex-ministro brasileiro do Meio Ambiente; sir Nicholas Stern, ex-economista-chefe do Banco Mundial, consultor do governo britânico sobre clima; James Hansen, do Instituto Goddard de Estudos Espaciais (Nasa); Bob Watson, conselheiro do governo britânico; Paul Ehrlich, da Universidade Stanford; Julia Marton-Lefèvre, da União Internacional para a Conservação da Natureza; Will Turner, da Conservação Internacional - e vários outros.


Nesse documento os cientistas traçam, com palavras sóbrias e cuidadosas, um panorama dramático da situação do mundo, hoje, em áreas vitais: clima; excesso de consumo e desperdício; fome; necessidade de aumentar a produção de alimentos e escassez de terras; desertificação e erosão; perda da biodiversidade e de outros recursos naturais; subsídios gigantescos nas áreas de transportes, energia, agricultura - e a necessidade de eliminá-los. Enfatizam a necessidade de "empoderamento" das mulheres e de grupos sociais marginalizados; substituir o produto interno bruto (PIB) como medida de riqueza e definir métodos que atribuam valor ao capital natural, humano e social; atribuir valor à biodiversidade e aos serviços dos ecossistemas e deles fazer a base da "economia verde".


É um documento que, a cada parágrafo, provoca sustos e inquietações, ao traçar o panorama dramático que já vivemos em cada área e levar todo leitor a perguntar qual será o futuro de seus filhos e netos. "O atual sistema [no mundo] está falido", diz Bob Watson. "Está conduzindo a humanidade para um futuro que é de 3 a 5 graus Celsius mais quente do que já tivemos; e está eliminando o ambiente natural, do qual dependem nossa saúde, riqueza e consciência. (...) Não podemos presumir que a tecnologia virá a tempo para resolver; ao contrário, precisamos de soluções humanas".


"Temos um sonho", afirma o documento. "De um mundo sem pobreza e equitativo - um mundo que respeite os direitos humanos - um mundo de comportamento ético mais amplo com relação à pobreza e aos recursos naturais - um mundo ambientalmente, socialmente e economicamente sustentável, onde desafios como mudanças climáticas, perda da biodiversidade e iniquidade social tenham sido enfrentados com êxito. Esse é um sonho realizável, mas o atual sistema está profundamente ferido e nossos caminhos atuais não o tornarão realidade".


Segundo os cientistas, é urgente romper a relação entre produção e consumo, de um lado, e destruição ambiental, de outro: "Crescimento material sem limites num planeta com recursos naturais finitos e em geral frágeis será insustentável", ainda mais com subsídios prejudiciais em áreas como energia (US$ 1 trilhão/ano), transporte e agricultura - "que deveriam ser eliminados". A tese do documento é de que os custos ambientais e sociais deveriam ser internalizados em cada ação humana, cada projeto. Valores de bens e serviços dos ecossistemas precisam ser levados em conta na tomada de decisões. É algo na mesma direção das avaliações recentes de economistas e outros estudiosos, comentadas neste espaço, a respeito da finitude dos recursos naturais e da necessidade de recompor a vida econômica e social em função disso.


O balanço na área de energia é inquietador, com a dependência de combustíveis fósseis, danos para a saúde e as condições ambientais. Seria preciso proporcionar acesso universal de toda a população pobre aos formatos "limpos" e renováveis de energia - a transição para economia de "baixo carbono" -, assim como a formatos de captura e sepultamento de gases poluentes (ainda em avaliação). Como não caminhamos assim, as emissões de dióxido de carbono equivalente já chegam a 50 bilhões de toneladas anuais, com a atmosfera e os oceanos aumentando suas concentrações para 445 partes por milhão (ppm)- mais 2,5 ppm por ano, que desenham uma perspectiva de 750 ppm no fim do século. E com isso o aumento da temperatura poderá chegar a mais 5 graus Celsius.


Na área da biodiversidade, 15 dos 24 serviços de ecossistemas avaliados pelo Millenium Ecosystem Assessment estão em declínio - quando é preciso criar caminhos para atribuir valor à biodiversidade e seus serviços, base para uma "economia verde". Mas para isso será preciso ter novos formatos de governança em todos os níveis - hoje as avaliações cabem a estruturas políticas, sociais, econômicas, ambientais, separadas e competindo entre elas.


E para que tudo isso seja possível, dizem os cientistas, se desejamos tornar reais os nossos sonhos, "o momento é agora" - enfrentando a inércia do sistema socioeconômico e impedindo que sejam irreversíveis as consequências das mudanças climáticas e da perda da biodiversidade. Se falharmos, vamos "empobrecer as atuais e as futuras gerações". Esquecendo que vivemos em "uma sociedade global infestada pela crença irracional de que a economia física pode crescer sempre, deslembrada de que os ricos nos países desenvolvidos e em desenvolvimento se tornam mais ricos e os pobres são deixados para trás".



Não se trata de um manifesto de "ambientalistas", "xiitas" ou hippies. São palavras de dezenas dos mais conceituados cientistas do mundo, que advertem: "A demora [em mudar] é perigosa e seria um erro profundo". É preciso ler esse estudo (www.af-info.or.jp). Escutar. E dar consequências.

Matemática e a mulher transcendental, crônica de Sérgio Mascarenhas

JORNAL DA CIÊNCIA  -09-03-2012

Sérgio Mascarenhas é professor e coordenador do Instituto de Estudos Avançados (IEA) de São Carlos da Universidade de São Paulo (USP), presidente Honorário da SBPC e Membro Titular da ABC.

Comemorou-se no dia 8 de março o Dia Internacional da Mulher. Escrevo esta crônica inspirado na imagem feminina, símbolo máximo da evolução biológica. Não sei por que ainda o machismo de homo-sapiens-sapiens e não femina-sapiens-sapiens! Todos sabemos que o feto nasce feminino e somente numa certa fase ulterior há a transição para o sexo masculino. Isso nos deixa, nós machos, resquícios e vestígios evolutivos como os bicos dos seios inúteis! Pensar que a força muscular e o tamanho do corpo, necessários para a função de provedor do caçador, acabou por ser o elemento dominante sócio-econômico na relação dos sexos é para mim um dos paradoxos evolutivos. Mas parece que está sendo corrigido gradualmente na era do conhecimento.


Também não tenho dúvidas pessoalmente da superioridade cognitiva da mulher. Tamanho de cérebro não basta, a funcionalidade holística do complexo cerebral pode ser mais eficiente em funções superiores como decisões comportamentais envolvendo incertezas entre razão e emoção, por exemplo. Estamos na era das incertezas, dos sistemas complexos, das interações entre sistemas de sistemas, muitas vezes incoerentes e conflitantes. O grande Prêmio Nobel Ilya Prigogine mostrou que o tempo é irreversível e que os sistemas complexos levam a fenômenos emergentes espetaculares como transições de fase do caos para a organização em fenômenos que vão da física quântica à biologia e a própria teoria da evolução!


Não foi coincidência que algumas mulheres venceram essa odiosa barreira do machismo até hoje existente como a grande matemática grega Hipathia de Alexandria, infelizmente trucidada por um bispo cristão machista. Lembrando da matemática, me vem à minha memória a evolução dessa ciência que desejo usar para culminar com minha homenagem ao sexo feminino: a Matemática sofreu nos últimos dois séculos enormes transformações.


Sempre considerada como o reino da razão absoluta, isenta de incertezas, pura e sem mácula, começou a sofrer abalos quando Bertrand Russell, ao escrever com Alfred Whitehead a sua grande obra Principia Matemática, na qual procurava estruturar toda essa ciência através da teoria dos números e da lógica, deparou-se com terríveis paradoxos que chegaram a paralisar o seu intento por nove anos! Já se desconfiava desde Pitágoras e Euclides de algumas dificuldades e mesmo paradoxos com a própria geometria e teoria dos números e seus axiomas. Mas foi com Georg Cantor (russo-alemão) e G. Peano (italiano) que a situação conceitual realmente explodiu: a matemática dita pura era eivada de impurezas e paradoxos?


Uma das situações repousava no conceito de conjunto infinito: poderia um conjunto de quaisquer objetos ser infinito e ainda mais um seu sub-conjunto ser maior que ele? Criou-se o conceito de números transfionitos ou transcendentais: um dos números desta categoria é o famoso número pi. Este número estava ligado ao problema da quadratura do círculo, e Arquimedes talvez um dos maiores cientistas da era grega, foi o primeiro a calculá-lo aproximadamente com o seguinte raciocínio: a área de um triângulo era conhecida, subdividindo um polígono (figura de muitos lados) em triângulos componentes, poder-se-ia calcular sua área. Aproximando a área do círculo por poligonos inscritos (dentro) e circunscritos (fora do círculo), Arquimedes foi calculando as duas áreas que deveriam convergir para a área do círculo! Bastava ir aumentando os lados gradualmente. Com muito trabalho numérico Arquimedes chegou a um valor de pi aproximado entre 3,1408 e 3,1429 usando polígonos de 96 lados! Desde então, com os computadores houve uma verdadeira obsessão para o cálculo de pi, que sendo transcendental nunca vai ser exato! Em 2011, Kondo e Yee calcularam pi com trilhões de algarismos!


E agora o meu fecho a esta crônica: nunca vai se chegar à integral compreensão da mulher, como o PI, ela é transcendental!

quinta-feira, 8 de março de 2012

'Vamos precisar de cinco planetas Terra', diz Sha Zukang

Secretário-geral da ONU para conferência Rio+20 diz que turbulência financeira não é desculpa para ignorar crise ambiental.


Se países como Brasil, China e Índia resolverem copiar o estilo de vida dos países ricos, a conta não fecha. Seriam necessários cinco planetas Terra para atender a tamanha demanda. O diagnóstico foi feito pelo chinês Sha Zukang, secretário-geral da ONU para a Rio+20, a conferência das Nações Unidas sobre desenvolvimento sustentável que será realizada na cidade entre os dias 20 e 22 de junho. De passagem pelo Brasil para preparar a logística do encontro e participar de negociações com a ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, Sha deixou claro que "é urgente definir um conjunto de objetivos para garantir o sucesso da conferência". E admitiu: "Não podemos falhar".



O Globo: Qual é sua expectativa para a Rio+ 20, já que, no fim do mês, será realizado em Nova York mais um encontro para definir o documento da conferência?

Sha Zukang: Em janeiro último, definimos o "rascunho zero" do documento final da Rio+20. O prazo final para entrega das propostas foi no último dia 29 de fevereiro, mas ainda estamos esperando algumas contribuições. Só depois que recebermos todas as propostas dos países é que vamos começar as negociações. Estamos tendo muitas dificuldades nessas reuniões preparatórias. Está bem difícil chegar a um acordo. Depois de todas as reuniões preparatórias, teremos apenas 15 dias para fechar as negociações. A restrição de tempo é uma das nossas maiores dificuldades.



O Globo: O senhor acredita que a crise financeira internacional também é um empecilho?

Sha: Sem dúvida a situação internacional não é muito favorável, até porque ela está atingindo os países ricos. E são justamente esses países os que têm mais responsabilidades na discussão climática. E para piorar ainda mais a situação, esses países estão, nesse momento, preocupados com as eleições nos seus próprios países. E são justamente os países da zona do euro os maiores doadores. E como a transição para uma economia de baixo carbono necessita de recursos financeiros, temos um problema, porque os países que são grandes doadores estão em crise financeira. Tudo isso está dificultando bastante as negociações. Ainda assim, estou confiante.



O Globo: A situação do mundo do ponto de vista ambiental está se agravando?

Sha: Temos que reconhecer que a situação é urgente, até porque muitas das decisões tomadas há 20 anos, na Rio-92, ainda não foram implementadas. E, nessas duas últimas décadas, a situação só piorou, tanto do ponto de vista da produção como do ponto de vista do consumo. O atual padrão de produção e consumo não pode continuar. É uma questão de sobrevivência da humanidade. Se todos os países emergentes, como Brasil, China e Índia, por exemplo, decidirem copiar o estilo de vida dos países desenvolvidos, seria necessários cinco planetas Terra para atender a todo esses aumento de demanda. Hoje, temos sete bilhões de pessoas no mundo; em 2050, seremos nove bilhões. Os recursos naturais estão dando sinais de escassez, enquanto a população mundial não para de crescer. E ainda precisamos erradicar a pobreza no mundo.



O Globo: Logo, o que o senhor está dizendo, é que a conta não está fechando?

Sha: Existe uma grande responsabilidade. Vejo a Rio+20 como uma chance histórica de cuidar do desenvolvimento sustentável. Em vez de olharmos como uma questão de países desenvolvidos ou em desenvolvimento, é um tema que une toda a humanidade. Não podemos falhar, temos que ter sucesso.



O Globo: Qual é o papel do Brasil nesse contexto?

Sha: O Brasil é um líder, e não digo isso apenas para agradar ao país anfitrião. É um país grande, com influência regional e global. E fez um trabalho tremendo em integrar os três pilares: social, econômico e ambiental. Há ótimas experiências em erradicação de pobreza sob a gestão do presidente Lula e do atual governo.



O Globo: O que se espera do resultado da Rio+20?

Sha: Devemos ser ambiciosos e muito práticos. Precisamos de objetivos. Claro que teremos palavras ao negociar, mas precisamos é de ação. A economia verde é o principal tema. Precisamos de um plano amplo, com etapas, opções de políticas e um conjunto de boas práticas. Também é interessante uma espécie de leve responsabilidade e um fórum que possa rever e acompanhar o que estiver em curso. É preciso de objetivos para medir quanto progresso estamos fazendo. Um conjunto de objetivos é absolutamente necessário. Outro ponto importante é o arcabouço institucional. Algumas propostas defendem uma espécie de conselho de desenvolvimento sustentável ou uma comissão.



O Globo: Por que a mudança climática não está na agenda da Rio+20?

Sha: Mudança climática é um tema sustentável. Quaisquer resultados que tenhamos vão certamente facilitar a questão da mudança climática e temos como o uso eficiente de energia. Tudo está relacionado. Não é verdade [que o assunto mudança climática não será tratado]. Mas a Rio+20 está tratando de um assunto muito mais amplo e maior do que a questão climática.



O Globo: O que é a economia verde?

Sha: Temos um debate sobre a definição [do que é economia verde]. Não há uma definição clara. Pessoas diferentes têm visões diferentes. Mas certamente concordamos que [economia verde] não é um substituto para desenvolvimento sustentável, não deve levar ao protecionismo nem gerar condicionalidades para ajudas. A economia verde pode permitir a criação de postos de trabalho e tem o potencial de integrar os três pilares: econômico, social e ambiental. Mas a verdade é que atualmente muitos países praticam a economia verde. No meu país (China), fizemos uma legislação específica. Até países africanos são exemplos.



O Globo: Diante da atual situação internacional, podemos esperar que países doadores e instituições internacionais abram seus cofres?

Sha: A questão financeira é crítica para os países em desenvolvimento. Por que temos uma conferência sobre desenvolvimento sustentável? Porque não há sustentabilidade. Os países em desenvolvimento são o que podemos chamar de vítimas. Não estou culpando ninguém, mas nosso passado de desenvolvimento nos últimos 400 anos criou os problemas que enfrentamos hoje. Países em desenvolvimento não foram responsáveis por isso, eles estavam ocupados demais em encher seus estômagos. Já os países desenvolvidos têm responsabilidade de cumprir os compromissos já feitos, senão vão perder credibilidade. É por isso que dou ênfase à palavra implementação. Foi feito um compromisso há 20 anos. Não precisamos de mais palavras, mas de ações.



O Globo: Mas como esperar doações quando os países desenvolvidos estão em crise?

Sha: A maior parte dos países doadores está enfrentando problemas financeiros. Nós só podemos desejar que esses problemas acabem em breve ou muito rapidamente. Ficamos felizes, por exemplo, com o fato de os Estados Unidos estarem se recuperando. Mas a crise financeira é temporária, de curto prazo, enquanto o desenvolvimento sustentável é [uma questão] para o futuro, longo prazo. Não misturem. Os países desenvolvidos devem olhar à frente, com uma visão de longo prazo. Desenvolvidos ou em desenvolvimento, todos temos responsabilidades comuns. Deixe-me também enfatizar que a sustentabilidade deve ser uma responsabilidade do país. Nenhum país deve depender apenas da ajuda dos países desenvolvidos. Para alguns, alguma assistência será necessária para dar o pontapé ou acelerar o processo.



O Globo: Quais devem ser os pontos mais delicados do processo de negociação?

Sha: Como mencionei, o tempo deve ser a principal barreira. E há a questão da definição de economia verde, que não existe. Além disso, teremos que negociar algumas regras, que eventualmente vão restringir o comércio. Alguns objetivos podem afetar os países em desenvolvimento, que podem não ser capazes de atingir os critérios e perder mercado. Também terão que ter tecnologia, coisa que países pobres geralmente não têm. Nem possuem recursos para comprar. Essas são as preocupações. Não podemos ter objetivos ou critérios como uma fórmula que sirva para todos. O desenvolvimento sustentável deve ser apenas o começo, não um fim.



O Globo: O que é mais difícil para os países mudarem?

Sha: Os países desenvolvidos estão acostumados a um estilo de vida, então não é um trabalho simples mudar. Até para emergentes como China e Brasil não é fácil. O uso de energias renováveis, por exemplo, é muito bom. Vamos usar energia eólica, solar, hidrelétrica, nuclear. Mas elas são caras, quem vai pagar? Como atingir o equilíbrio entre usar a energia que vai reduzir a emissão de carbono, mas ao mesmo tempo ter energia suficiente para produzir comida? O importante, no entanto, é que transformem os desafios em oportunidades.

.JC e-mail 4449, de 06 de Março de 2012.

(O Globo)

Brasil entra no foco dos raios cósmicos

País se prepara para receber conferência em 2013, onde pesquisadores nacionais terão a oportunidade de discutir e expor seus trabalhos para colegas de vários países.
Todo mundo só fala em Copa do Mundo e Olimpíada, mas nem só de esporte vive o Brasil. O Rio de Janeiro sediará em julho do ano que vem a 33ª Conferência Internacional de Raios Cósmicos, importante evento da União Internacional de Física Pura e Aplicada (IUPAP, na sigla inglesa). Realizado a cada dois anos sob os auspícios da C4 (Comissão sobre Raios Cósmicos), ele irá reunir em sua próxima edição cerca de 1.500 especialistas de várias partes do mundo, para discutir o futuro das pesquisas com radiações de origem cósmica.


Toda a organização da conferência estará a cargo da equipe brasileira, composta por pesquisadores de excelente reputação no exterior. "Isso dará uma boa exposição dos cientistas brasileiros atuando na área", afirma Ronald Cintra Shellard, vice-presidente da Sociedade Brasileira de Física (SBF) e membro brasileiro da C4. Ele chefiará a conferência realizada no Brasil.


Os raios cósmicos são partículas com muita energia e que bombardeiam constantemente o planeta Terra. Seu estudo permite uma visão mais íntima da natureza das partículas, bem como a formação e evolução do Universo. Devido à complexidade e ao valor gasto na realização de experimentos, o estudo dos raios cósmicos tem demandado competências de vários países, trabalhando de forma conjunta e colaborativa.


Aliás, atualmente, um dos assuntos mais discutidos na comissão sobre raios cósmicos é a mudança do seu próprio nome, pois as ações dela têm abrangido não apenas os chamados raios cósmicos, mas também os raios gama de alta energia (compostos pelas mesmas partículas da luz comum, mas com energia muito acima da luz visível), neutrinos de origem extraterrestre e até mesmo a matéria escura, um dos grandes mistérios da Física atual. Discute-se a mudança do nome para "Comissão de Astropartículas", mas a definição terá de passar pela Assembleia Geral da IUPAP para poder entrar em vigor.


A comunidade de físicos brasileiros na IUPAP tem um perfil jovem, quando se compara às de outros países. Não na idade de seus membros, mas em sua tradição (são cerca de 70 anos apenas) e no vanguardismo de seus cientistas, que têm apontado visões variadas sobre os grandes temas discutidos nessa e em outras comissões.



Segundo Shellard, a comunidade de Física brasileira já tem um amadurecimento que permite contribuir para o debate dos grandes temas que afetam o futuro da Física como disciplina de inquirição intelectual. "O que nos falta ainda é autoconfiança, mas que virá com a experiência dos debates nestes fóruns", diz o físico. Shellard é um dos 11 brasileiros escolhidos como membros de comissões da IUPAP.
JC e-mail 4451, de 08 de Março de 2012.
(Ascom da SBF)