domingo, 29 de agosto de 2010

Céu Agitado

Um céu agitado


Adilson de Oliveira aproveita alguns fenômenos astronômicos que chamaram a atenção do público neste mês – duas chuvas de meteoros e a conjunção da Lua com quatro planetas – para renovar suas críticas à astrologia.



Por: Adilson de Oliveira



Publicado em 20/08/2010
Atualizado em 20/08/2010





Chuva de meteoros das Perseidas fotografada na noite de 13 para 14 de agosto de 2010 do Observatório Paranal, no Chile, mantido pelo Observatório Europeu do Sul. Os meteoros são detritos do cometa Swiftt-Tuttle (foto: Stéphane Guisard / ESO).

As noites de inverno costumam ser as mais interessantes para se observar o céu. Devido ao tempo seco e com poucas nuvens, em lugares afastados dos grandes centros urbanos é possível observar detalhes interessantes que normalmente passam despercebidos devido à poluição atmosférica e luminosa.

É possível contemplar, além da Lua e dos cinco planetas visíveis (Mercúrio, Vênus, Marte, Júpiter e Saturno), fenômenos astronômicos que ocorrem com alguma frequência e são previsíveis, dada a sua regularidade.

Neste mês de agosto de 2010, dois tipos de fenômenos astronômicos chamaram a atenção, inclusive da mídia. Um deles foi a conjunção da Lua com Mercúrio, Vênus, Marte e Saturno, que pôde ser melhor vista nos dias 13 e 14. A conjunção é um alinhamento de planetas que ocorre com certa periodicidade devido ao fato de os períodos de translação ao redor do Sol serem fixos.

O outro evento interessante foram as chuvas de meteoros de Delta Aquaridius, no dia 10 de agosto, e das Perseidas, que tiveram sua atividade máxima no dia 12. Esses nomes vêm das constelações de Aquarius e de Perseus, que ocupam a região do céu da qual parecem sair os meteoros observados durante esses fenômenos.

A chuva de meteoros mais intensa foi a das Perseidas. Pouco desse fenômeno pôde ser visto nas regiões Sul e Sudeste do Brasil, mas ele foi mais intenso nas regiões Norte e Nordeste e nos países do hemisfério Norte.
Planetas em conjunção

As conjunções planetárias são conhecidas desde a Antiguidade. A partir da disposição dos planetas no céu e da sua posição em relação aos outros planetas, os astrônomos gregos conseguiram estimar as distâncias planetárias.

Conjunção de Mercúrio e Vênus (alinhados acima da Lua) observada a partir do Observatório Paranal. A previsão da ocorrência desses fenômenos é fundamental para planejar viagens espaciais (foto: Yuri Beletsky / ESO).Hiparco e Aristarco, entre outros, conseguiram dimensionar o tamanho do nosso Sistema Solar a partir dessas observações relacionando a distância dos planetas com a distância da Terra ao Sol. Esta última foi estimada a partir de um eclipse lunar e com o raio da Terra que havia sido estimado por Erastóstenes, que viveu no Egito entre 276 e 194 a.C.

Atualmente a observação dessas disposições planetárias não tem grande importância, uma vez que já são bem conhecidas. A previsão das suas ocorrências, no entanto, é de fundamental importância para o planejamento das viagens espaciais, principalmente aos planetas gigantes do Sistema Solar, como Júpiter, Saturno, Urano e Netuno.

Para muitas pessoas, porém, a disposição dos planetas em relação a uma determinada constelação ou a outro astro pode inspirar muitos temores ou dar certezas de sucesso.

A astrologia, pseudociência que tenta relacionar a disposição dos astros no céu com os destinos das pessoas nas Terra – e que já tive a oportunidade de contestar em uma coluna anterior –, utiliza muito em suas previsões essas configurações planetárias.

A disposição dos planetas no céu não influencia em nada vida das pessoasEm particular, a presença de vários planetas na mesma constelação no céu leva a diferentes interpretações astrológicas. Recentemente, por exemplo, a presença de Vênus, Marte, Saturno e da Lua na constelação de Virgem e de Mercúrio na constelação de Leão foi vista pelos astrólogos como um evento rico em significados.
Mas, do ponto de vista estritamente científico, a disposição dos planetas no céu não influencia em nada vida das pessoas. Primeiramente, a posição dos planetas é relativa ao seu movimento. Eles podem parecer próximos no céu, mas espacialmente não estão. Além disso, as constelações também são apenas configurações de estrelas vistas da Terra, não havendo nenhum vínculo físico entre elas.

Chuvas de meteoros



Chuva de meteoros das Perseidas de 2007. Os traços que dão a impressão de movimento circular não são meteoros, mas estrelas (o efeito circular, devido ao movimento desses astros, é causado pela longa exposição da foto). Um meteoro pode ser visto cruzando o céu no meio da foto, em direção quase vertical (foto: Tommy Huynh / CC 2.0 BY-NC-ND).Os meteoros, por sua vez, são objetos cuja extensão pode variar de alguns centímetros até quilômetros. Ao entrar na atmosfera, esses objetos sofrem grande atrito e, como consequência, atingem altíssimas temperaturas – por isso eles aparecem como pontos luminosos correndo no céu. Uma chuva de meteoros é um evento em que um grupo de meteoros é observado irradiando de um único ponto no céu, chamado de radiante.



Os meteoros avistados nessas chuvas são geralmente detritos resultantes da passagem de um cometa. Toda vez que um cometa se aproxima do Sol, parte do seu material é vaporizado, criando a sua cauda que deixa pedaços espalhados ao longo da sua órbita. Quando a Terra cruza a órbita do cometa, vários pedaços entram na atmosfera formando a chuva de meteoros.



A chuva das Perseidas tem origem no cometa Swift-Tuttle, que completa uma órbita ao redor do Sol a cada 131 anos. Esse é o maior objeto com passagem periódica pela Terra. Sua parte sólida, com cerca de 27 km de extensão, é maior que o cometa Halley, famoso por suas passagens muito luminosas.



Embora a Terra cruze a órbita desse cometa todos os anos (por isso ocorre a chuva de meteoros Perseidas), a probabilidade de uma colisão conosco é muito pequena. Estimativas para os próximos milhares de anos indicam que somente em 15 de setembro de 4.479 há uma probabilidade de colisão da ordem de uma em um milhão, ou seja, muito remota.





Versão colorizada daquela que é conhecida como a 'gravura de Flammarion', que representa possivelmente um peregrino medieval contemplando o céu. Publicada originalmente no livro 'L'atmosphère: météorologie populaire' (1888), de Camille Flammarion, a imagem tem sido usada desde então em várias obras que defendem a astrologia (reprodução / Wikimedia Commons).



Previsões astronômicas e astrológicas

As previsões astronômicas dos movimentos dos astros atingem um grau de precisão muito alto e podem ser verificadas a partir de observações do céu com instrumentos especializados. As previsões astrológicas, por outro lado, não são validadas por não serem verificadas nem por métodos estatísticos.



As previsões astrológicas são apenas atos de féParte do sucesso nas previsões astronômicas decorre devido ao fato de a interação responsável pelo movimento planetário ser de natureza gravitacional. Com os atuais computadores, é possível realizar cálculos orbitais muito precisos.



Já na astrologia, como não se identifica a interação responsável pelos alegados efeitos dos astros na vida das pessoas, não se consegue identificar as eventuais causas das influências. Os movimentos dos objetos celestes podem até ser complicados, mas não são incompreensíveis. As previsões astrológicas são apenas atos de fé.



Adilson de Oliveira

Departamento de Física

Universidade Federal de São Carlos



Astrologia Astronomia Exploração Espacial

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domingo, 22 de agosto de 2010

SPRACE - São Paulo Regional Analysis Center

O Estudo da Física de Altas Energias investiga os constituintes elementares da matéria e as interações fundamentais.Os membros do Sprace colabaram com alguns dos principais experimentos da àrea realizados em aceleradores de partículas como o HLC (Large Hadron Collider)ligado ao Cern ( Centro Europeu de Pesquisa Nuclear),na Suiça e o acelerador Tevatron ,do Laboratório Fermi, no EUA.

SPRACE tem um forte compromisso com o ensino pois é financiado pela FAPESP.

A primeira iniciativa foi elaborar um cartaz com informaões básicas sobre a constituição da matéria, nos níveis atômico e subatômico.O projeto ,lançado em 2008,chamava-se "Estrutura elementar da matéria:um cartaz em cada escola".
Este ano desenvolveu um game que tenta popularizar o assunto e aumentar o conhecimento de estudantes sobre a matéria.
O Físico Sérgio Novaes do IFT ( Instituto de Física Teórica) da Unesp,bolou um game sobre física de partícula.

Legal o jogo: partículas fundamentais da física são alvo de nave espacial nanométrica .É divertido , vc participa ao pilotar uma nave espacial e capturar com um canhão partículas subatômicas , levá-las a um laboratório para análise.Conforme vc vai jogando vai aprendendo inclusive a manusear o mouse para pilotar a nave e atirar com o canhão .
Clicando a tecla F1 vc segue as tarefas e vai se familiarizando com os
neutrinos,tau, muon ,leptron ...quarks.
Também é possível consultar a tabela periódica dos elementos,rever
conceitos de quantidade de movimento , e a lei da ação e reação
Vamos então ao jogo que esta disponível desde maio

http://www.sprace.org.br/SPRACE/sprace-game  

A Lua está encolhendo

Frio e tectonismo fizeram satélite perder 100 metros de circunferência

Imagens de uma sonda da Nasa, divulgadas hoje pela revista "Science", revelam que a Lua está perdendo tamanho. A circunferência do único satélite terrestre já retraiu 100 metros - e este movimento ainda estaria longe do fim. A contração foi motivada pelo esfriamento do corpo celeste.

Formada após um intenso bombardeio de asteroides e meteoros, a Lua, antes quente, esfriou com a idade. Seu interior resfriado provocou o surgimento de escarpas na superfície.

Algumas destas ondulações já eram conhecidas. Mas outras 14, dispersas por todo o satélite, foram documentadas pela primeira vez.

O registro foi feito a partir de objetivas instaladas na Sonda de Reconhecimento Lunar, em órbita há cerca de um ano.

Houve uma contração radical das ondulações - explicou ao Globo Thomas Watters, pesquisador do Museu Nacional do Ar e do Espaço e principal autor do trabalho. - As escarpas foram formadas dentro do último bilhão de anos. Pela aparência, no entanto, elas poderiam ser mais novas.

Embora este período pareça uma eternidade nos padrões humanos, ele corresponde a menos de 25% do tempo de existência da Lua.

A equipe de Watters constatou que o esfriamento lunar, um processo antigo, teria se conjugado com uma atividade tectônica recente no satélite. Por isso, as ondulações poderiam ter menos de 100 milhões de anos.
Lua não vai recuperar tamanho nem sumir

De acordo com Watters, não há possibilidade de que a mudança na circunferência seja resultado de um ciclo - ou seja, que a Lua se expanda e recupere a circunferência perdida.

Este movimento só seria possível se o satélite ganhasse uma nova fonte interna de calor - avaliou. - Na verdade, é mais provável que a Lua continue esfriando lentamente.

O encolhimento flagrado pelas câmeras é pequeno demais para ser observado a olho nu. E esta situação não mudará: Watters acredita que a Lua retrairá "um pouco mais" e, depois, sua circunferência vai se estabilizar.

A possibilidade de que o corpo celeste desapareça está descartada. Tampouco suas mudanças de tamanho provocarão qualquer efeito na Terra.

Espera-se que a sonda, que continuará sendo usada no mapeamento da Lua, proporcione mais revelações relacionadas à sua história e à do próprio Sistema Solar.

As ondulações já conhecidas na Lua foram registradas nos anos 70, pelas missões Apollo 15, 16 e 17. Estes veículos, no entanto, orbitaram apenas pelo equador lunar, sugerindo que estas escarpas eram um fenômeno localizado. Agora que elas foram encontradas em outras localidades, ganhou força a tese de que elas seriam um processo global - e a explicação mais natural seria que o corpo celeste está encolhendo.

As ondulações da Lua são encontradas em outros corpos do Sistema Solar, como Mercúrio, onde elas são muito maiores do que as do satélite terrestre. O tamanho das formações naquele planeta faz os cientistas acreditarem que ele estava completamente derretido quando se formou.

(Renato Grandelle)

(O Globo, 20/8)

Programa leva professores da USP às escolas públicas

"Docentes Embaixadores" apresentam universidade a jovens do último ano do ensino médio

Uma das principais novidades do Programa de Inclusão Social da Universidade de São Paulo (Inclusp), em 2010, é o programa Docentes Embaixadores, que propõe aos professores da USP, inclusive os aposentados, comparecerem a pelo menos uma escola estadual pública para falar aos jovens do último ano do ensino médio.

Na pauta dos docentes, as propostas de inclusão dos alunos da rede pública à universidade, informando-os de que é possível cursar o ensino superior em um centro de excelência, público e gratuito, como é a USP.

Criado em 2006, o Inclusp dedica-se à ampliação do ingresso de alunos de escolas públicas na Universidade, além de apoiá-los em sua permanência com ações de largo alcance antes, durante e após o vestibular.

A ideia de promover o contato de docentes da universidade com jovens do ensino médio das escolas estaduais partiu do coordenador do Programa de Avaliação Seriada (Pasusp), que também faz parte do rol de ações do Inclusp, Mauro Bertotti. Para ele, o programa Docentes Embaixadores é muito propício porque também dá ao professor condições de acompanhar, com propriedade, a complexidade das ações do Inclusp.

"Os docentes passam a entender melhor os problemas do ensino fundamental e médio, e a relação deles com a USP, podendo analisar com precisão as soluções de inclusão da Universidade", afirma Bertotti. "O inequívoco valor da experiência amplia o repertório da abordagem que os docentes fazem junto aos alunos do ensino público, transmitindo a eles muitas informações essenciais sobre a USP. Com isso, fazem toda a diferença".

Aposentada na Faculdade de Economia e Administração (FEA), a professora Nena Jeruza Cei definiu que comparecerá, dentro do programa Docentes Embaixadores, à Escola Estadual Architiclinio Santos, em São Paulo. "Gostei muito da proposta deste programa, achei o máximo", comemorou Nena.
A professora aposentada acredita que os professores podem e devem participar sempre de atividades que sejam úteis à sociedade. Segundo ela, conhecida carinhosamente pelos alunos de graduação como "Mãe da Creche", o ensino de qualidade no ensino médio e nos primeiros anos de faculdade é essencial para que se tenha, posteriormente, uma pós-graduação de bom nível.

A Escola Estadual Fernão Dias, também localizada na cidade de São Paulo, foi a escolhida pela pesquisadora e professora da Faculdade de Saúde Pública (FSP), Frida Marina Fischer. Nela, Frida já realizou pesquisas importantes com adolescentes que estudam e trabalham, quando pôde observar cientificamente as consequências, para a saúde deles, de aspectos como sono e fadiga.

"Creio que o Inclusp permite aos jovens, na maioria, originários de famílias de baixa renda, entrar numa universidade pública de qualidade", afirma a professora. "Foi possível observar, ao realizar essas pesquisas, os grandes esforços que, principalmente, alunos que estudam e trabalham têm de fazer para poder frequentar a escola no período noturno e ter um bom aproveitamento escolar".

Presidente da Editora da USP (Edusp) e professor da Escola de Comunicações e Artes (ECA), Plinio Martins Filho, credita ao foco no mérito a maior das virtudes do Programa de Inclusão da Universidade.

"Os bons alunos de escola pública têm mais chances hoje do que na minha época em chegar à USP", avalia Martins Filho. Na condição de um dos principais editores de livros do país, Plinio pretende recomendar muita leitura aos jovens alunos do ensino médio.

"Em geral, quem entra na universidade tem na família um histórico de grande contato com a leitura. O livro é muito importante para a formação das pessoas. Quem lê bastante terá mais chances de se sair bem no ensino superior", diz o editor e professor.

Outro professor aposentado que vai participar do programa Docentes Embaixadores é Valdemar Setzer, vinculado ao Departamento de Ciência da Computação do Instituto de Matemática e Estatística (IME) da USP.

Aos alunos, Setzer deve explicar o que significa cursar um bacharelado em ciência da computação, empenhando-se para que eles tenham a percepção de que tiveram contato, de fato, com informações que lhes podem ser úteis para chegar à USP.

(Jorge Vasconcellos, da Assessoria de Imprensa da Reitoria da USP)

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Ondas Gravitacionais

Nasa e Agência Espacial Europeia preparam megaexperimento no espaço destinado a comprovar a existência de ondas gravitacionais, única parte da Teoria da Relatividade do físico alemão ainda não cientificamente demonstrada
A única parte da Teoria da Relatividade Geral que ainda não havia sido comprovada pela ciência pode vir a ser totalmente esclarecida por meio de uma parceria entre a Agência Espacial Europeia (ESA) e a Agência Espacial Americana (Nasa).
Está previsto para 2020 o lançamento em órbita solar da Antena Espacial de Interferômetros a Laser (Lisa, na sigla inglesa), um experimento gigantesco que visa estudar e principalmente comprovar a existência das ondas gravitacionais, fenômenos descritos pelo físico Albert Einstein em 1915.
De acordo com especialistas no assunto, ondas gravitacionais consistem em vibrações na curvatura do espaço-tempo (como se fossem uma só unidade) que tiveram origem a partir da colisão de grandes estrelas e formações de buracos negros.
O grande objetivo do Lisa, portanto, é medir oscilações sutis no espaço causadas por ondas gravitacionais fracas. De acordo com o projeto, o experimento consistirá em três satélites que orbitarão o Sol, conectados por feixes de laser, formando um grande triângulo espacial. Segundo o cientista da ESA Fabio Favata, o custo médio do projeto está estimado em 650 milhões de euros. Os três satélites que fazem parte do Lisa devem ficar separados uns dos outros por 5 milhões de quilômetros e trilharão atrás da Terra a uma distância de 50 milhões de quilômetros, o equivalente a 20 graus.
"Os satélites levarão consigo dois cubos flutuantes de ouro platinado, totalmente protegidos do ambiente externo, principalmente da luz e de partículas cósmicas. Portanto, as ondas gravitacionais devem modificar a distância entre esses cubos de ouro em cinco centésimos de angström, medida comumente utilizada para lidar com grandezas da ordem do átomo. A movimentação desses cubos demonstrará a existência das ondas", explica o cientista da ESA.
Favata, chefe de Planejamento da Ciência e do Gabinete de Coordenação da Comunidade da ESA, revela que cientistas do mundo todo também participam da iniciativa. "Para se ter uma ideia, pelo menos 200 pesquisadores costumam participar das reuniões da comunidade, os chamados simpósios", destaca.
Estudioso do assunto desde a década de 1980, o físico do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) Odylio Denys de Aguiar explica que hoje em dia a ciência conta com detectores sensíves a ondas gravitacionais, numa faixa de frequência entre 10 hertz e 10 khertz. "Esses aparelhos, porém, só conseguem captar a existência de ondas muito fortes, verdadeiras tsunamis, o que é raro. Nas frequências mais baixas, existe uma quantidade e previsão maior de ondas gravitacionais na natureza. O Lisa conseguirá atingir essas faixas (mais baixas), captando ondas mais comuns e de forma contínua", afirma.

"Ondas do mar"
Descritas por Albert Einstein na Teoria da Relatividade Geral, em 1915, as ondas gravitacionais fazem parte de um hall de temas científicos ainda pouco conhecido do grande público.
Na tentativa de explicar o fenômeno de maneira mais simples, o professor do Departamento de Física e Química da Universidade Estadual Paulista (Unesp) Cláudio Carvalho toma como exemplo as ondas do mar. "Imagine um indivíduo dentro do mar. Nessa situação, ele sente a força das ondas de forma contínua, sendo que elas (as ondas) podem até derrubá-lo", diz.
Conforme o docente da Unesp, se essa mesma pessoa estiver dentro do mar, mas em meio a uma tempestade, ela provavelmente sentirá que as ondas e a força proveniente delas surgem das mais diversas direções. Nesse caso, conforme o especialista, as ondas seriam tão fortes que poderiam inclusive matar a pessoa.
"No caso das ondas gravitacionais, ocorre algo parecido. A fonte gravitacional depende do tamanho dos corpos que produzem a força gravitacional. Quanto maior a massa, maior a força produzida e, no caso de dois corpos muito grandes colidirem, surgiriam várias ondas ou um choque delas. Mas isso precisaria acontecer entre buracos negros, por exemplo", explica.
Na opinião do especialista, caso as ondas gravitacionais sejam comprovadas, será possível entender melhor o universo. "No momento, contudo, a principal contribuição vem da tecnologia que está por trás de toda essa empreitada da Nasa e da Esa", avalia.
Já Odylio Denys acredita que as ondas gravitacionais podem abrir uma verdadeira "janela de observação para o universo", numa faixa de frequência que ainda não existe. "O fenômeno pode contribuir para explicar, por exemplo, explosões de estrelas.
Informações a respeito de outras fases do universo, inclusive de seu nascimento, também estarão mais próximas de nós", afirma, lembrando que o estudo das ondas gravitacionais pode indicar se houve ou não a explosão do Big Bang ou se o universo já existia antes disso. "São inúmeras as possibilidades de estudo", finaliza.

(Correio Braziliense, 11/8)

Lixo Nuclear

Antes do início das obras de um depósito de longa duração, a usina nuclear de Angra 3 não poderá entrar em operação.Uma área longe dos centros urbanos, isolada, no Nordeste. Esse é o provável destino do lixo de alta atividade radioativa produzido no país, o rejeito do combustível usado nas usinas nucleares, prevê o ministro da Ciência e Tecnologia, Sérgio Rezende.
Atualmente, os rejeitos das usinas são guardados em piscinões instalados nas próprias usinas.Mas a construção de um depósito de longo prazo para os rejeitos de alta radioatividade deverá começar até 2014, data prevista para a entrada em operação da usina nuclear de Angra 3, no Estado do Rio de Janeiro.A construção desse depósito é uma das exigências da licença ambiental concedida para a retomada das obras de Angra 3. Sem o início das obras, a usina não poderá entrar em operação.
Segundo Sérgio Rezende, a localização do depósito será objeto de um leilão. O município que abrigar o futuro depósito receberá dinheiro em formato de royalties da União.
"Não vejo dificuldade, acho que haverá vários municípios disponíveis, provavelmente no Nordeste", disse o ministro.
A localização do depósito é uma das indefinições do Programa Nuclear Brasileiro. Também segue sem definição do governo a localização das duas próximas usinas nucleares, cuja entrada em operação é prevista para ocorrer até 2022. Estudos da Eletronuclear apontam 22 locais no Nordeste, inclusive às margens do Rio São Francisco.
As indefinições do programa vêm se arrastando desde dezembro de 2008, quando ocorreu a última reunião sobre o tema em comitê de ministros.
Em maio de 2009, o Ministério de Ciência e Tecnologia fechou proposta de criar a Agência Reguladora Nuclear, encarregada de fiscalizar a área, tarefa atualmente à cargo da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN). No entanto, o texto ainda não foi enviado ao Congresso Nacional.
Também circula no governo minuta de decreto presidencial que nomeia o secretário de Assuntos Estratégicos, Samuel Pinheiro Guimarães, coordenador do comitê de ministros responsável pelo programa nuclear.

(Marta Salomon)

(O Estado de SP, 11/8) Jornal da Ciência

Usinas de urânio receberão R$ 348 milhões - Jornal da Ciência

Brasil é um dos poucos países que tem reserva de urânio e sabem enriquecê-lo.
1Para o país poder exportar urânio enriqu0ecido até o fim da década e superar o atraso no plano de dominar o ciclo do combustível nuclear em escala industrial, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva determinou a inclusão no Orçamento do ano que vem, o primeiro de seu sucessor, de um investimento de R$ 127 milhões, informou o ministro Sérgio Rezende (Ciência e Tecnologia).

O programa nuclear brasileiro foi assunto de reunião reservada de Lula com um grupo de ministros há duas semanas. A autossuficiência no ciclo do combustível nuclear, planejada inicialmente para 2013, foi descartada na reunião. A meta agora é atingir esse objetivo no ano seguinte, mas isso depende de investimentos no primeiro ano de governo do sucessor de Lula, contou o ministro.Os R$ 127 milhões da conta apresentada por Rezende no encontro com Lula são a primeira parcela do dinheiro necessário para ampliar a escala de conversão do concentrado de urânio em gás, numa etapa intermediária do enriquecimento do urânio ainda feita totalmente no exterior, e também para aumentar a fabricação de ultracentrífugas. O custo total das novas fábricas é de R$ 348 milhões em três anos.
O valor necessário durante o primeiro ano é pequeno, e o presidente determinou que seja colocado no Orçamento para que o programa nuclear não atrase mais", relatou Sergio Rezende ao Estado.
As necessidades de consumo de urânio enriquecido foram estabelecidas com base na expansão no número de usinas nucleares no país. Além de retomar as obras de Angra 3, cuja construção ficou interrompida desde 1986, o governo estuda a construção de pelo menos mais quatro usinas, de 1.000 MW (megawatts) cada, até 2034. As duas primeiras são projetadas para o Nordeste, provavelmente às margens do rio São Francisco.

Embora polêmico, o enriquecimento de urânio é positivo porque agrega valor ao minério. O Brasil é um dos poucos países que detêm grandes reservas e também sabe enriquecê-lo.

Projeções levadas a Lula mostram que o país precisa enriquecer urânio para abastecer nove usinas nucleares até 2034. Mas as mesmas projeções indicam a produção de excedentes de concentrado de urânio, gás hexafluoreto e urânio enriquecido, respectivamente, a partir de 2012, 2014 e 2018.



"A exportação de excedentes é uma possibilidade", diz o ministro de Ciência e Tecnologia. Dados levados a Lula defendem o enriquecimento do urânio no país: "A tecnologia da ultracentrifugação é dominada por um pequeno número de países e não está disponível para a compra, agrega substancial valor ao urânio pois representa 35% do custo de produção do combustível para as usinas nucleares", argumenta o documento.

No mês que vem, deverá ser inaugurada no interior de São Paulo a primeira fábrica piloto de conversão de concentrado de urânio em gás hexafluoreto. A unidade construída na área da Marinha, em Aramar, tem capacidade de produção de 40 toneladas por ano. Mas a meta é multiplicar a produção para 1.500 toneladas por ano.
A nova fábrica de ultracentrífugas também ficará na área da Marinha. As ultracentrífugas serão montadas em Resende (RJ), onde já operam três cascatas de enriquecimento de urânio a 3,5%, porcentual usado no combustível nuclear. Cerca de 90% do enriquecimento do urânio consumido nas usinas de Angra dos Reis ainda é feito na Europa.

(Marta Salomon)

(O Estado de SP, 11/8)





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terça-feira, 3 de agosto de 2010

Mast promove XVIII Semana de Astronomia

Durante quatro dias, a partir de quinta-feira, dia 5, os visitantes do Museu de Astronomia e Ciências Afins (Mast), no Rio, vão se divertir e aprender um pouco mais sobre os astros.Entre 5 e 8 de agosto, o Museu de Astronomia e Ciências Afins (Mast) promove a XVIII Semana de Astronomia que, este ano, terá como tema "Brasil na Astronomia". Com o objetivo de aproximar as pessoas desta ciência tão peculiar e curiosa, várias atividades, oficinas e mesas-redondas serão oferecidas aos visitantes durante os quatro dias.
Todas as palestras e mesas-redondas acontecerão no Auditório do MAST e serão transmitidas pelo link abaixo
A entrada é gratuita. O Museu está localizado na Rua General Bruce, 586, São Cristóvão.

(Assessoria de Comunicação do Mast)


link para http://www.mast.br